quarta-feira, 27 de abril de 2011

A primeira semente regada com sangue cristão

A primeira semente regada com sangue cristão

Os diáconos trouxeram dinamismo juvenil à Igreja primitiva. Estevão se destacou entre eles. Era uma alma de fogo; transbordava audácia. Foi este jovem o primeiro a adentrar à galeria dos que deram a vida por Jesus Cristo. Foi um herói que o cristianismo primitivo criou, e que atentando ele para um galardão maior, provou seu amor a Cristo sacrificando suas própria vida. Talvez Estevão fosse alexandrino¹ de origem, era conhecedor das filosofias gregas tanto quanto era das tradições hebraicas.

Falava com ousadia, que segundo o conceito original da palavra grega é a capacidade de falar sem nenhuma dificuldade. Mas, tratava-se de uma virtude oriunda da presença do Espírito de Cristo dentro e sobre ele. Expôs verdades tão desconfortantes que o levaram preso perante os juízes. Juízes que se aproveitavam da ausência de Pilatos, que tinha ido à Roma explicar-se à Calígula por alguns desconfortos na pequena província romana. 

Mas, diante dos seus algozes, Estevão demonstrava altruísmo não se preocupando em salvar sua própria cabeça. A prioridade máxima não era salvar-se do perigo iminente, mas a de ecoar sua fé tão alto que até aqueles ensurdedecidos pela insensibilidade humana a pudessem ouvir tinir nos seus corações. Esta seria a atitude dos mártires: gritar a sua fé!

Sua pregação era bíblica. Seu raciocínio surpreendente. Não economizou forças e vigor para pregar que as Escrituras se cumpriam em Jesus. Mas, quando expôs claramente a dureza dos corações dos já conturbados judeus, encerrou seu longo discurso apologético mostrando a realidade que não queriam admitir: Os judeus perseguiam e matavam seus profetas e assim também fizeram com o Justo.

Os ouvintes ragem os dentes como cãs feroses ao encontro da sua vítima. Cercado pelo ódio e descontrole, está Estevão seguro e confiante. Não se deixava contaminar pelo ódio ao seu redor. Fazia juz à palavra cristão². Diante da morte não pediu socorro nem livramento. Apenas com os olhos fitos no céu pode ver seu Senhor e Mestre, a quem imitava, assentado à direita de Deus.

Enquanto o mundo desaba o verdadeiro cristão olha para o céu. Enquanto todos lhe persegue, Estevão olha o céu aberto! E quando a morte bateu á sua porta, ele viu Jesus assentado na glória!

Todos, injustamente lhe condenavam à morte. A própria Vida se levantava do trono para dar as boas-vindas ao primeiro mártir cristão. Enquanto as pedras voavam contra ele, Estevão seguiu o exemplo de seu mestre e clamou pelo perdão dos seus executores. Com toda a certeza os mártires causavam mais impacto com suas mortes do que suas pregações.

Não podiam imaginar aqueles assassinos que trinta anos depois as profecias de Jesus Cristo se cumpririam, e seria o sangue deles que jorrariam pelas ruas de Jerusalém. Não sei se podiam imaginar que Deus cobraria pelo sangue derramado inocentemente.

Contudo, estava ali por perto, aprovando e guardando as vestes dos assassinos de Estevão, aquele que seria em breve o maior missionário e propagador daquele mensagem de Estevão. Saulo de Társis nunca imaginaria que anos depois estaria no lugar de Estevão recebendo pedradas, afrontas e sendo perseguido por amor à sua fé. Assim também deve agir o verdadeiro cristão, deixando sementes plantadas até o fim da sua vida.

N'Aquele que é a própria Vida,

Pr. Flávio Alves

¹  É o que se supõe pelo conhecimento que Estevão paraecia possuir de Fílon, que na época estavam em viga na Alexandria, e também por empregar quatro vezes a palavra "sabedoria", muito usadas no meio judaico do Egito, de onde também procede o livro apócrifo de Sabedoria.
² Palavra usada pelos de Antioquia para denominar os cristãos por que eles se pareciam com Jesus Cristo.

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