UM SOLTEIRO PODE SER ORDENADO PASTOR?
Muitos se
interrogam diante do fato de existirem pastores solteiros. Uns concordam e
outros não. Jesus Cristo, o Supremo Pastor (1 Pedro 5:4) concedeu servos
conhecidos como pastores e mestres para ajudar os santos (Efésios 4:11). Os
homens que pastoreiam são chamados, também de presbíteros (anciãos em algumas
traduções) e bispos (1 Pedro 5:1-2; Atos 20:17,28). Mas, gostaria de trazer alguns
argumentos para tratar dessa questão polêmica do pastorado de homens solteiros:
1. O ARGUMENTO BÍBLICO
Alguns não concordam que um solteiro possa ser pastor.
Mas, se esquecem de alguns fatos inequívocos:
PRIMEIRO: O apóstolo Paulo era solteiro (Atos 26:16;
Colossenses 1:1,23), e todos nós sabemos que ser apóstolo é algo muito maior do
que ser um pastor/bispo.
Se um solteiro podia ser Apóstolo por que não “pastor”?
SEGUNDO: Timóteo era um evangelista: "Mas tu, sê
sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um EVANGELISTA, cumpre o teu
ministério." (2Timóteo 4 : 5) e era solteiro.
TERCEIRO: Tito era cooperador importante da Igreja e
do apóstolo Paulo e ao que tudo indica não era casado (Tito 2 ; 6 – 15).
QUARTO: O texto que explicita as condições para a
separação do ministério nos diz: “Convém, pois, que o bispo seja
irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro,
apto para ensinar;” (1 Timóteo 3:2). O texto não diz que deve ser
obrigatoriamente casado, Paulo estava afirmando que se fosse casado o bispo
deveria ser marido de apenas uma mulher, e não como alguns fazem atualmente com
mais de uma mulher, portanto, vivendo em constante adultério. Mais vale um
solteiro em santidade do que um casado adúltero. Paulo estava afirmando que o
bispo deveria ser fiel ao matrimônio!
2.
O ARGUMENTO PRÁTICO
Alguns afirmam que um solteiro não pode ser pastor
porque um solteiro não pode dar conselhos aos casados. Em primeiro lugar: Paulo
era solteiro e deu conselhos aos casados (I Co 7.1-40). Em segundo lugar:
Nenhum aconselhador de casais deve adentrar demasiadamente na intimidade do
casal para aconselhá-los. Mas, baseará seu conselho na Palavra de Deus mais do
que na experiência.
Se partirmos do pressuposto que somente um casado pode
dar conselhos ao casados, assim somente quem passou pelo presídio poderá dar
conselhos aos presidiários, somente um médico doente pode aconselhar outros
doentes, um ex-prostituto poderá aconselhar alguém que vive na prostituição e
etc. É tão “xulo” este argumento que não perderei tempo em discorrer sobre.
Simplesmente pelo fato de que o maior conselheiro não é a experiência de casado
e nem os seus próprios conhecimentos, mas a ajuda do Espírito Santo de Deus que
não erra e usa sem distinção tanto os solteiros como os casados.
3.
O ARGUMENTO HISTÓRICO
Alguns afirmam hoje que não faz parte da cultura
assembleiana ordenar pastores solteiros. Os que falam isso ignoram por
desconhecimento ou propositalmente os fatos: Quando os Missionários Daniel Berg
e Gunnar Vingren vieram ao Brasil e fundaram a Assembleia de
![]() |
Pastor Paulo Leivas Macalão |
Afirmar que um pastor não pode ser pastor solteiro é
negar as origens da Assembleia de Deus e duvidar do testemunho de pastores
solteiros é duvidar do testemunho e todos estes pastores acima mencionados.
Portanto, antes de jogar pedras sobre qualquer homem
de Deus solteiro, lembre-se de Paulo, Timóteo, Daniel Berg, Gunnar Vingren,
Paulo Leivas Macalão, Cícero Canuto de Lima, João Batista e tantos outros que
marcaram a história da Igreja de Cristo aqui na terra com boas obras e
excelentes testemunhos cristãos.
Louvo a Deus por ter me escolhido para tão grande
chamado e incubência, “E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus
Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério;” (1 Tm 1:12). Os
jovens são fortes e já venceram o maligno (I Jo 2.14). Dê ouvidos às palavras
do Apóstolo Paulo: “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se
ficarem como eu.” (1 Co 7:8). Os pastores solteiros tem mais tempo e
disponibilidade para cuidar das coisas do Senhor do que os casados. Ser
solteiro não é fardo, é benção de Deus.
O que acontece hoje em dia é forçar e apressar
casamentos arranjados e mal planejados para reconhecer o chamado pastoral de
alguém, e o resultado que temos são casamentos de fachadas, incompatibilidade
conjugal e muitos casos de adultério no meio evangélico, devido esta cultura
absurda de que só pode ser pastor se for casado. Sabemos que casar às pressas
para agradar ao público e mesmo quando não há amor é a desgraça de muitos
casamentos atuais e quem sabe um dos motivos para haver tantos casos de
divórcio no meio evangélico, igual ou maior que no meio dos descrentes.
Reconheço que este texto não irá agradar a todos, mas
é a verdade baseada em três pilares difíceis de derrubarem: A Palavra de Deus,
a realidade das coisas e História. O que espero é mais respeito quanto aos
homens de Deus que vivem para a Obra de Deus na sua condição de solteiros.
E para todos os solteiros que se sentem pressionados
por seu ministério, ou pela sociedade hipócrita que vivemos, não se abstenham
de pregar a Palavra de Deus por ser solteiro: “Então disse eu: Ah, Senhor DEUS!
Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino. Mas o Senhor me disse: Não
digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto
te mandar, falarás.” Jr 1:6,7. Tem solteiro que dá mais exemplo do que muitos
casados por aí. E tenho a certeza que todos os solteiros desejam se casar, mas
no tempo de Deus, com a pessoa de Deus, para constituir uma família com
Deus. E não para dar satisfações para
hipócritas engravatados. Casamento é coisa séria. É sagrada. Se casar é com
certeza de vontade, com a intenção de constituir família e nunca para receber
uma consagração. E que todos os solteiros atentem para este último conselho:
“Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos
fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.”
1 Timóteo 4:12
Pastor Flávio Alves L. de Souza
Pastor solteiro da Assembleia de Deus, CGADB Nº 83220.
¹ ALENCAR, Gedeon. Assembleias brasileiras de Deus. Tese de
Doutorado em Ciências da Religião pela PUC-SP. Pág. 147.