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sábado, 11 de agosto de 2018

UM SOLTEIRO PODE SER ORDENADO PASTOR?


UM SOLTEIRO PODE SER ORDENADO PASTOR?

Muitos se interrogam diante do fato de existirem pastores solteiros. Uns concordam e outros não. Jesus Cristo, o Supremo Pastor (1 Pedro 5:4) concedeu servos conhecidos como pastores e mestres para ajudar os santos (Efésios 4:11). Os homens que pastoreiam são chamados, também de presbíteros (anciãos em algumas traduções) e bispos (1 Pedro 5:1-2; Atos 20:17,28). Mas, gostaria de trazer alguns argumentos para tratar dessa questão polêmica do pastorado de homens solteiros:

1.       O ARGUMENTO BÍBLICO

Alguns não concordam que um solteiro possa ser pastor. Mas, se esquecem de alguns fatos inequívocos:
PRIMEIRO: O apóstolo Paulo era solteiro (Atos 26:16; Colossenses 1:1,23), e todos nós sabemos que ser apóstolo é algo muito maior do que ser um pastor/bispo. Se um solteiro podia ser Apóstolo por que não “pastor”?
SEGUNDO: Timóteo era um evangelista: "Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um EVANGELISTA, cumpre o teu ministério." (2Timóteo 4 : 5) e era solteiro.
TERCEIRO: Tito era cooperador importante da Igreja e do apóstolo Paulo e ao que tudo indica não era casado (Tito 2 ; 6 – 15).
QUARTO: O texto que explicita as condições para a separação do ministério nos diz: “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;” (1 Timóteo 3:2). O texto não diz que deve ser obrigatoriamente casado, Paulo estava afirmando que se fosse casado o bispo deveria ser marido de apenas uma mulher, e não como alguns fazem atualmente com mais de uma mulher, portanto, vivendo em constante adultério. Mais vale um solteiro em santidade do que um casado adúltero. Paulo estava afirmando que o bispo deveria ser fiel ao matrimônio!

2.       O ARGUMENTO PRÁTICO

Alguns afirmam que um solteiro não pode ser pastor porque um solteiro não pode dar conselhos aos casados. Em primeiro lugar: Paulo era solteiro e deu conselhos aos casados (I Co 7.1-40). Em segundo lugar: Nenhum aconselhador de casais deve adentrar demasiadamente na intimidade do casal para aconselhá-los. Mas, baseará seu conselho na Palavra de Deus mais do que na experiência.
Se partirmos do pressuposto que somente um casado pode dar conselhos ao casados, assim somente quem passou pelo presídio poderá dar conselhos aos presidiários, somente um médico doente pode aconselhar outros doentes, um ex-prostituto poderá aconselhar alguém que vive na prostituição e etc. É tão “xulo” este argumento que não perderei tempo em discorrer sobre. Simplesmente pelo fato de que o maior conselheiro não é a experiência de casado e nem os seus próprios conhecimentos, mas a ajuda do Espírito Santo de Deus que não erra e usa sem distinção tanto os solteiros como os casados.

3.       O ARGUMENTO HISTÓRICO

Alguns afirmam hoje que não faz parte da cultura assembleiana ordenar pastores solteiros. Os que falam isso ignoram por desconhecimento ou propositalmente os fatos: Quando os Missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren vieram ao Brasil e fundaram a Assembleia de
Pastor Paulo Leivas Macalão
Deus ambos eram solteiros! Pastor Paulo Leivas Macalão, Presidente da AD Madureira-RJ, e que escreveu inúmeros hinos da Harpa Cristã, em 1930 foi ordenado pastor aos 27 anos e era solteiro. Pastor Alfredo Reikdal, que se tornou presidente da AD Ipiranga-SP foi ordenado pastor aos 24 anos, e era solteiro. Pastor Cícero Canuto de Lima, primeiro presidente da CGADB, e presidente da AD Belém-SP, foi ordenado pastor aos 30 anos de idade em 1952 quando ainda era solteiro. Pastor João Batista da Silva, que presidiu a AD no Rio Grande do Norte foi ordenado pastor solteiro aos 30 anos de idade, em 1935¹.

Afirmar que um pastor não pode ser pastor solteiro é negar as origens da Assembleia de Deus e duvidar do testemunho de pastores solteiros é duvidar do testemunho e todos estes pastores acima mencionados.

Portanto, antes de jogar pedras sobre qualquer homem de Deus solteiro, lembre-se de Paulo, Timóteo, Daniel Berg, Gunnar Vingren, Paulo Leivas Macalão, Cícero Canuto de Lima, João Batista e tantos outros que marcaram a história da Igreja de Cristo aqui na terra com boas obras e excelentes testemunhos cristãos.

Louvo a Deus por ter me escolhido para tão grande chamado e incubência, “E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério;” (1 Tm 1:12). Os jovens são fortes e já venceram o maligno (I Jo 2.14). Dê ouvidos às palavras do Apóstolo Paulo: “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.” (1 Co 7:8). Os pastores solteiros tem mais tempo e disponibilidade para cuidar das coisas do Senhor do que os casados. Ser solteiro não é fardo, é benção de Deus.

O que acontece hoje em dia é forçar e apressar casamentos arranjados e mal planejados para reconhecer o chamado pastoral de alguém, e o resultado que temos são casamentos de fachadas, incompatibilidade conjugal e muitos casos de adultério no meio evangélico, devido esta cultura absurda de que só pode ser pastor se for casado. Sabemos que casar às pressas para agradar ao público e mesmo quando não há amor é a desgraça de muitos casamentos atuais e quem sabe um dos motivos para haver tantos casos de divórcio no meio evangélico, igual ou maior que no meio dos descrentes.

Reconheço que este texto não irá agradar a todos, mas é a verdade baseada em três pilares difíceis de derrubarem: A Palavra de Deus, a realidade das coisas e História. O que espero é mais respeito quanto aos homens de Deus que vivem para a Obra de Deus na sua condição de solteiros.

E para todos os solteiros que se sentem pressionados por seu ministério, ou pela sociedade hipócrita que vivemos, não se abstenham de pregar a Palavra de Deus por ser solteiro: “Então disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino. Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás.” Jr 1:6,7. Tem solteiro que dá mais exemplo do que muitos casados por aí. E tenho a certeza que todos os solteiros desejam se casar, mas no tempo de Deus, com a pessoa de Deus, para constituir uma família com Deus.  E não para dar satisfações para hipócritas engravatados. Casamento é coisa séria. É sagrada. Se casar é com certeza de vontade, com a intenção de constituir família e nunca para receber uma consagração. E que todos os solteiros atentem para este último conselho:

“Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza.”

1 Timóteo 4:12

Pastor Flávio Alves L. de Souza

Pastor solteiro da Assembleia de Deus, CGADB Nº 83220.

¹ ALENCAR, Gedeon. Assembleias brasileiras de Deus. Tese de Doutorado em Ciências da Religião pela PUC-SP. Pág. 147.

domingo, 15 de janeiro de 2017

BIOGRAFIA DO PASTOR ISAAC MARTINS RODRIGUES

BIOGRAFIA DO PASTOR ISAAC MARTINS RODRIGUES

1.      SUA VIDA PESSOAL

A vida do pastor Isaac Martins Rodrigues está entrelaçada com a história da Assembleia de Deus em Pernambuco. Primeiro filho do casal Alexandrino Martins Rodrigues e Séfora Lopes Rodrigues, nasceu em 19 de agosto de 1926, recebeu o nome Isaac tirado das Sagradas Escrituras, que significa “filho da alegria”. Alexandrino Rodrigues foi o primeiro presbítero da Assembleia de Deus em Pernambuco, e membro registrado como número 1 desta igreja. De origem portuguesa, Alexandrino veio ao Brasil aos dezenove anos, o casal criou Isaac na fé protestante juntamente com seus dois irmãos mais velhos, Isaías e Lindinalva, pois o segundo, Ismael veio a falecer aos 19 meses de vida.  Isaac, desde muito cedo foi ensinado que deveria se dedicar à vida religiosa, conforme narra sua filha Ester Rodrigues. O senhor Alexandrino dedicou-se ao comércio em Olinda, e até hoje sua família trabalha com o fabrico de pães na cidade.

Isaac Martins casou-se com Neusa Costa Rodrigues no dia 27 de setembro de 1947, com quem teve cinco filhos: Noemi, Rute (In Memoriam), Ester, Adna, Joquebede e Neemias (filho por adoção). Isaac Martins formou-se em Licenciatura em Estudos Sociais pela FUNESO, e em Bacharelado em teologia pela Academia Cristiana La Voz de Los Andes.

2.      SUA TRAJETÓRIA DENTRO DA ASSEMBLEIA DE DEUS

Isaac Martins foi batizado nas Águas aos doze anos de idade, membro número 696 da Assembleia de Deus em Pernambuco, começou sua vida ministerial aos vinte anos de idade, em 1946 foi apresentado como auxiliar; aos 22 anos foi apresentado como diácono da Assembleia de Deus. Sempre dedicado à fé evangélica no Estado, em 1948 foi consagrado ao presbitério, e no dia 4 de outubro de 1951 foi consagrado como Evangelista da Igreja, e se tornou um dos grandes pioneiros evangélicos no Sertão Nordestino. Conforme conta a sua filha Ester Rodrigues, o evangelista Isaac Martins teve vários embates no desbravamento do sertão, inclusive com o sacerdócio católico da época que chamavam pejorativamente os protestantes de bodes. Foi Isaac Martins que iniciou os trabalhos e as primeiras Assembleias de Deus em Petrolina, Araripina, Cabrobó e Salgueiro, o que lhe rendeu o título de “O Apóstolo de Pernambuco”.

3.      SEU PASTORADO EM ABREU E LIMA

Em 23 de julho de 1969, pastor Amaro Alexandrino de Sena, pastor da Assembleia de Deus em Abreu e Lima foi vitimado em um acidente automobilístico, como também a esposa e uma sobrinha. Em 24 de outubro de 1969, Isaac Martins Rodrigues, com 43 anos foi ordenado pastor, e, em 9 de novembro do mesmo ano, o pastor José Amaro da Silva, Presidente da Igreja em Recife, o empossou como pastor Abreu e Lima.

Em cinco anos o pastor Isaac Martins já começou enviar missionários para outros países: São Tomé e Príncipe, Venezuela, Austrália, Portugal, Estados Unidos, Timor Leste, Israel e Equador. Somente no Equador, um trabalho fortalecido pela própria filha do Pastor Isaac, a missionária Ester Costa Rodrigues Leite, a Assembleia de Deus de Abreu e Lima construiu 81 igrejas. Mais de 52 países foram de alguma forma, alcançados pelas missões internacionais da Assembleia de Deus em Abreu e Lima, sendo a primeira do Nordeste a fazer investimento em missões.

Em 1974, a esposa do pastor Isaac Martins, Neuza Rodrigues, veio a falecer. Dois anos após, ele casa-se novamente, agora com Cosma Maria Rodrigues que lhe concede mais dois filhos: Rute e Isaac Júnior.

Isaac Martins Rodrigues, escreveu o livro A História das Assembléias de Deus em Pernambuco (Jubileu de Ouro - 1918 a 1968), que se constitui um relato minucioso dos fatos históricos que envolvem a formação, implantação e expansão da Igreja em todo o Estado. O outro livro escrito por ele foi o Manual do Professor de Crianças, editado em 1984, pela CPAD.

Na liderança da Igreja em Abreu e Lima por 35 anos, o Pastor Isaac Martins Rodrigues abriu mais de 550 congregações em todo o Estado de Pernambuco e formou mais 98 pastores e seu “rebanho” chegou a 130.000 pessoas. Sua influência era muito forte não apenas no Nordeste, mas em todo o Brasil, principalmente dentro da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, CGADB. Onde foi membro da mesa diretora por várias vezes.

3.1.OS TRABALHOS SOCIAIS NA CIDADE DE ABREU E LIMA

Isaac Martins Rodrigues sempre desempenhou um trabalho de ação social na cidade de Abreu e Lima, muito carente na época. Segundo relatos da sua filha, Ester Rodrigues, alimentos eram enviados dos Estados Unidos para serem distribuídos nos bairros pobres da cidade, e em sopões comunitários se distribuía pão, trigo, manteiga, arroz e peixes, liderados por sua esposa Neusa Rodrigues. A liderança  do pastor Isaac se consolidava no bairro carente do Fosfato com estes trabalhos de distribuição de alimentos para 3.000 famílias cadastradas, independente de religião, raça e cor. Abriu também o primeiro orfanato e abrigo de idosos evangélico do Nordeste, com estrutura para receber quase 100 crianças e 46 leitos geriátricos, com assistência médica, psicológica e espiritual, e que teve o apoio de Signe Carlson, esposa do pioneiro assembleiano Joel Carlson, e a sueca Britts Carlson que morou por muitos anos no próprio abrigo. Com os terrenos cedidos pelo Município, foi construído o Orfanato, o Abrigo Estrela de Bethel e a Escola.

Na área da educação, o Pastor Isaac Martins fundou a Escola do Primeiro grau das Assembleias de Deus em 1975, que posteriormente veio a se chamar Educandário Evangélico Neusa Rodrigues. O pastor Isaac Martins conseguiu o apoio do Compassíon Internacional do Brasil para o apadrinhamento das meninas órfãs, apoio do governo estadual que cedia os professores enquanto a Igreja mantinha com alimentação, estrutura e despesas dos trabalhos sociais.

O Pastor Isaac Martins recebeu diversos títulos honoríficos: a Medalha Pernambucana do Mérito Policial Militar; Medalha do Sesquicentenário, concedida pela Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco; recebeu Título de Cidadão das seguintes cidades: Abreu e Lima, Igarassu, Paulista e Olinda.

O prefeito de Abreu e Lima, Jerônimo Gadelha, construiu uma praça com uma estátua do pastor Isaac, que pode ser vista na entrada da cidade e de frente ao atual Templo Sede da Assembleia de Deus de Abreu e Lima. Em 29 de maio de 2008, às 2:10 h, aos 82 anos de idade o Pastor Isaac Martins Rodrigues faleceu deixando um legado importante na cidade de Abreu e Lima, e para a História da Assembleia de Deus em Pernambuco. Hoje, a cidade possui uma população estimada de 98.602 habitantes, segundo o IBGE. E ainda segundo o instituto, é também a cidade mais evangélica do Brasil, com cerca de 35% da população dessa religião. E a maioria da Assembleia de Deus.

4.      A DIVISÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM PERNAMBUCO

Segundo o historiador Mário Sérgio, após o Pastor da Assembleia de Deus em Pernambuco Amaro da Silva falecer de um mal súbito em 1977, surge uma disputa interna na sucessão ministerial. Um grupo apoiava o pastor José Leôncio da Silva, e outro grupo o pastor Issac Martins Rodrigues. Ao término da disputa, José Leôncio vence a votação e assume a igreja no Recife. Porém, o grupo do Pastor Issac Martins Rodrigues resolve fazer uma "divisão branca" e reivindica autonomia para a CGADB.

Surgiu assim um campo independente, chamado de “Ministério” Abreu e Lima, ligado à CGADB, mas subordinado à liderança em Recife.  As relações entre as Assembleias de Deus em Recife e Abreu e Lima eram cordiais, onde o ministério liderado pelo pastor Issac se expandiu principalmente para região da zona da mata norte, antes da região de Goiana.  Havia uma espécie de acordo na questão da jurisdição eclesiástica territorial.

As relações cordiais foram desfeitas depois das renovações das presidências, José Leôncio é sucedido em outubro de 1998 por seu genro pastor Ailton José Alves. Menos de dois anos depois, em fevereiro de 2000, o então Ministério de Abreu e Lima, funda a Convenção de Ministros da Assembleia de Deus em Abreu e Lima (COMADALPE), se desligando ministerialmente do Recife. Em 2004, é a vez de Abreu e Lima renovar sua liderança. Pastor Isaac passa a ser Presidente de honra, e é sucedido na presidência pelo jovem pastor Roberto Santos, vindo a falecer quatro anos depois. A partir dessas mudanças surge uma rivalidade entre ambas as igrejas no Estado e não existe mais o respeito à jurisdição territorial eclesiástica. Ao ponto de a Assembleia de Deus em Recife inaugurar em Abreu e Lima um belo e moderno Templo. As duas Igrejas são facilmente diferenciadas, pois utilizam cores diferentes nas fachadas de seus templos, verde escuro para Abreu e Lima, e azul para Recife, mas ambas permanecem unidas à CGADB.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


SANTOS, Roberto José dos. Assembleia de Deus em Abreu e Lima – 80 Anos: Síntese histórica. Recife. Editora Flamar, 2008.

ANDRADE, Moisés Germano de. "Uma história social" da Assembleia de Deus: a conversão religiosa como forma de ressocializar pessoas oriundas da criminalidade. Dissertação (Mestrado) - Universidade católica de Pernambuco. Pró-reitoria Acadêmica. Curso de Mestrado em Ciências da religião, 2010.

Website: http://mariosergiohistoria.blogspot.com.br/2013/05/assembleia-de-deus-e-divisao-em_30.html. (Acessado dia 15.01.2017)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Vocação para o mal

VOCAÇÃO PARA O MAL

Fico com o coração apertado quando leio alguns jornais como a Folha de Pernambuco. Me surpreendo quando assisto certos telejornais. São tantas notícias de assassinatos com requintes de crueldade que fico cada vez mais com medo do meu próprio país. Quando olho para a História, vejo o tamanho da crueldade humana e o prazer que alguns tiveram em praticar o mal. Percebo que muitos benefícios que temos hoje em dia adveio da tecnologia adquirida nas guerras mundiais. Porquê? Porque será que os governos gastam até trilhões de dólares para construir armas cada vez mais destrutivas, e não investe nem a metade para salvar vidas? Constatei a triste verdade, os seres humanos tem vocação para o mal.

Digo vocação para tudo que é mal, cruel, destrutivo, avassalador. Estivemos na Crise dos Mísseis de Cuba à beira de uma guerra nuclear. Por pouco eu não estaria escrevendo este blog agora. O mundo seria reduzido à escombros. Todos iriam sofrer. As consequências são inimagináveis. A quantidade de mortos incalculável. Porquê? Porque os seres humanos possuem vocação para o mal.

O ser humano mais pacífico, mais cativante e bondoso que já pisou neste mundo só falava de amor. Ele era a mais perfeita expressão do amor de Deus na terra. Restituía a esperança de quem já não a tinha mais. Restaurava a visão dos cegos. Levantava os paralíticos e ressuscitava até os mortos. Palavras assim você já deve ter ouvido falar. Mas, não faz ideia do que é ser cego e poder enxergar pela primeira vez.

Jesus de Nazaré era seu nome. Pregava e vivia o amor, era dócil como uma ovelha. Mas, o que nós fizemos com o presente que Deus nos deu? Nós o prendemos como um criminoso. O submetemos a um falso julgamento, com testemunhas mentirosas. Fizemos um dos melhores amigos o trair, e outro o negar. O espancamos covardemente. Entregamos ele aos mais impiedosos e cruéis soldados para chicotear suas costas até perfurar os rins e os pulmões enquanto debochavam. Preferimos escolher soltar o bandido Barrabás no seu lugar. Ele nos deu pão, nós lhe demos a cruz.

Depois o fizemos carregar o madeiro para fora da cidade e perfurando seus pés e mãos com enormes cravos, o penduramos numa cruz como o pior dos animais e bandidos até morrer. O mais terrível meio de mortificação e castigo, nós, seres humanos colocamos sobre o homem mais maravilhoso que pisou sobre esta terra seca e árida de amor e compaixão. Nós matamos o Filho de Deus.

O que me conforta é perceber que o Nazareno estava ali motivado pelo amor. Pelo amor que tinha aos seres humanos ele sofreu tudo aquilo e não desistiu até o último momento. Porque alguém tão bom morreria por pessoas tão más? Creio que a maior pregação deste homem foi sem palavras. As suas atitudes no momento da crucificação bradava forte e penetrante no coração da humanidade, constrangendo a cada um de nós a cairmos postados aos pés da sua cruz. 

Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...Hebreus 2:3

Ele acreditou que homem poderia ser transformado. Ele acreditou que poderíamos ser melhores. Acreditou que poderíamos alcançar os céus. Que seu exemplo nos tocaria mais fundo do que qualquer palavra. E Ele tinha razão. O ladrão que estava ao seu lado, foi o primeiro a reconhecer seu senhorio e o seu sacrifício: "E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. Lucas 23:42"

Ele estava certo! Jesus de Nazaré estava certo! Os homens possuem vocação para o mal. Mas, com o sacrifício de Jesus, possuímos agora uma atração irresistível a se rendermos ao seu amor.

Em Cristo, sempre,

Pr. Flávio Alves

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A maior das hortaliças

A MAIOR DAS HORTALIÇAS

E dizia: A que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o representaremos? É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na terra; Mas, tendo sido semeado, cresce; e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo da sua sombra. Marcos 4:30-32

Na remota e turbada província romana da Palestina, no centro do mundo antigo, nasceu o cristianismo. Pequena seita dentro do judaísmo que rapidamente e inexplicavelmente se espalhou. Nem uma das forças humanas, religiosa nem militar poderia impedi-la de crescer. Homens indoutos e desprezados pela elite judaica não podiam deixar de falar do que tinham visto e ouvido (At 4;20).

A mensagem do nazareno se espalhava em todas as classes. O assunto mais comentado na amada Jerusalém era este: Jesus ressuscitou! Seus discípulos estão cheios de poder e operam tantos sinais quanto Ele. Mesmo ameaçados e perseguidos, a semente do evangelho encontrava um solo fértil para brotar sua transformação. Como era maravilhoso contemplar o semblante do jovem diácono que mais se parecia com um anjo! Como foi impactante ver o paralítico da Porta Formosa entrar no Templo saltando e glorificando a Deus! Como era harmoniosa a comunhão dos santos no partir não apenas do pão, mas dos seus próprios bens para ajudar o próximo! O quanto estamos distante da Igreja Primitiva!

Os arautos de Deus cumpriam as palavras do Mestre: "O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido pregai-o sobre os telhados." Mateus 10:27. Todos deveriam ouvir a mensagem, ainda que as tivesse que pregar com a sua própria morte, mas o sangue não seria derramado em vão. A mensagem era por demais poderosa, e até o mais endurecido e furioso coração de Saulo seria perfurado pelos aguilhões do testemunho do jovem Estevão. Não apenas os judeus, mas até o romano Cornélio fora chamado para assentar-se à Mesa do Senhor. Ainda desprezado por ser gentio, enquanto muitos rejeitaram o convite, os que estavam à margem do privilégio da salvação, agora receberiam vestes brancas e o direito de participar do banquete da graça divina(Mt 22.9).

Agora, até os violentos romanos, gregos profanos e idolátras egípcios teriam acesso ao Caminho. O mal desencadeado pelos inimigos a fim de deter a expansão da Palavra transformou-se no fermento do seu próprio crescimento. Os confins da terra seria o limite para aqueles que não conseguiam se calar. Nada poderia detê-los. Nem a traição dos entes queridos. Nem as ameaças das crucificações, muito menos a fúria dos leões do Coliseu seriam capazes de no mínimo pausar a explosão das conversões. Escravos, soldados, bandidos, sacerdotes, prostitutas e até o Imperador ouviria a louca mensagem da Cruz. O que era escândalo para uns, deixava outros em lágrimas de arrependimento.

O Espírito inspirava, orientava, enchia de poder e autoridade para calar a boca de todos os acusadores. O que eles podiam fazer? Cortar a língua? Louvavam por dentro. Amputar as mãos? Adoravam com o corpo. Queimavam o corpo, se via Cristo no olhar desse fiel. De onde eles tiravam forças para cantar no meio das chamas e orar enquanto as feras corriam para devorá-los? Que força inimaginável era esta, capaz de fazer uma metamorfose tal que até o arqui-inimigo de Cristo, se transformou-se no seu maior propagador?!

Nós também também podemos olhar para mais perto na História e vermos como esta semente cresceu em nosso país. Maria de Jesus Nazaré Araújo foi a segunda pessoa a falar em línguas pela primeira vez nas terras tupiniquins verde e amarelo. Mulher de influência sobre outras, foi uma das primeiras a buscar o batismo com fogo em Belém do Pará. E, na noite de 2 de junho de 1911, depois de quase um dia inteiro de oração viu a pomba pentecostal descer sobre si. Aleluias!

Como não poderia conter esta chama, voltou para sua terra cearense onde foi rejeitada pela família, mas não guardou a sua bandeira. Recebida na Igreja Presbiteriana Independente no Ceará, espalhou a chama pentecostal e a igreja se tornou a primeira igreja pentecostal do Ceará, a primeira Assembleia de Deus no estado. A semente plantada pela irmã Nazaré fez crescer uma árvore muito grande no Nordeste brasileiro.

A síntese de tudo é mesma do livro de Atos: ...Pregando o reino de Deus, e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo, sem impedimento algum. Atos 28:31

Ardendo nas chamas pentecostais acendidas por Cristo,

 Pr. Flávio Alves

domingo, 4 de setembro de 2011

JESUS CRISTO EXISTIU HISTORICAMENTE


A paz do Senhor amados,
Estou publicando aqui integralmente o meu trabalho acadêmico sobre O Jesus histórico. Creio que seja de importância este trabalho, visto que, ainda existam pessoas que duvidem da real existência de Jesus homem na História.

INTRODUÇÃO
Jesus de Nazaré existiu realmente ou trata-se de uma invenção mitológica da religião cristã? Esta é uma pergunta que tem intrigado a mente de muitas pessoas através dos séculos. Desde os cristãos primitivos até hoje, surgem vários defensores da sua existência na História em confronto daqueles que a põe em dúvida. 

Este é um assunto delicado, por entremeter-se com assuntos que concerne à fé religiosa predominante.
Jesus é o tema mais explorado e rendável economicamente dos últimos dias. Falar em Jesus tornou-se moda e um gancho para uma boa venda de livros. 

Ele é o homem que divide a História em antes e depois dele. Inúmeras guerras, religiões, símbolos, construções e impérios levantados em seu nome demonstram um pouco da relevância desse personagem. O impacto provocado pelas mensagens deste homem atravessa dois milênios. Reis, imperadores, governos inteiros tentaram apaga-lo da História, como também destruir a seus seguidores. A cruz venceu a espada de Roma. Venceu a todos que se opuseram a ela. Voltaire afirmou: “Cem anos depois de minha morte não haverá mais cristãos, não haverá mais Bíblias, não haverá mais a Palavra de Deus, e desaparecerá definitivamente toda memória de Cristo e seus ensinamentos...” O grande pensador morreu em 1778 e sua previsão não parece que irá se cumprir, pelo menos no prazo “profetizado”. Até Friedrich Nietzsche, chamado "o grande filósofo do ateísmo", escreveu a um amigo sobre a pessoa de Jesus Cristo: "Eu sei que, 
se não O encontrar, não terei repostas para minha vida."

Albert Einstein afirmou: "Ninguém pode negar o fato de que Jesus existiu, nem que seus ensinamentos sejam belos. Ainda que alguns deles tenham sido proferidos antes, ninguém os expressou tão divinamente." Napoleão Bonaparte, famoso estrategista militar declarou: “Eu estava fazendo uma revolução na força da guerra..., mas lendo as páginas deste livro (a Bíblia) descobri que Cristo fez uma revolução muito maior do que eu, sem violência e destruição, fez a revolução do amor e da liberdade espiritual mediante o sangue da sua cruz.”                   

É sobre este homem que iremos discutir. Um homem que mudou a História e o mundo com suas ideias. Portanto, não pretendo ser ambicioso, nem em querer provar sua existência, nem a de provar sua não-existência. Apenas apresentaremos os fatos que hoje se nos evidenciam.

O grande entrave encontra-se em identificar o ponto que distingue o Jesus histórico do Jesus do Cristianismo. As fontes não bíblicas sobre a existência de Jesus de Nazaré são escassas. A ciência histórica não adentra em assuntos sobrenaturais; se Jesus operou milagres ou ressuscitou dos mortos não compete à História, como ciência, discutir. Mas, se Jesus nasceu, viveu na Palestina e levantou um enorme número de seguidores, dando início à maior religião do mundo atual é o tema desse trabalho.

A dificuldade para encontrar fontes

Também é importante reconhecer que no ano 70 d.C. os Romanos invadiram e destruíram Jerusalém e a maior parte de Israel, chacinando seus habitantes. Cidades inteiras foram literalmente incendiadas e desapareceram. Não se deve, portanto esperar que existam então muitas provas arqueológicas acerca da existência de Jesus. Muitas das testemunhas oculares de Jesus teriam sido mortas. Estes fatos provavelmente limitaram a quantidade de relatos vindos de testemunhas oculares de Jesus. Muitos documentos foram adulterados por cristãos a fim de beneficiar o Jesus da Igreja. Outros são totalmente postos em dúvida de acordo com os interesses em domínio.

Cabe ao estudioso analisar os fatos, provas e refutações de ambos os lados para chegar à sua própria conclusão ou ainda ficar na dúvida neste debate cheio de interesses.



 CAPÍTULO I
1.      Os três pilares da mitologia do “mito” de Jesus

Diante de um farto material, fruto de uma ampla pesquisa apesar do pouco tempo disposto, decidi dividir o trabalho em três “pilares”, ou capítulos. Nos quais discorrerei sobre a mitologia atual do “mito” de Jesus. Não levarei o assunto à exaustão, pois trata-se de um trabalho acadêmico e não de uma monografia, ou tese. E ainda que fosse não esgotaria um assunto tão polêmico como este. Mas, tentarei ser organizado e objetivo, como também, necessariamente sucinto.

1.1       O primeiro pilar da mitologia do “mito de Jesus”
O primeiro pilar da mitologia do “mito” de Jesus é que as epístolas paulinas, escritas mais cedo do que os evangelhos, não fornecem evidência de um Jesus histórico recente. Vejamos:
1.1.a    Os Escritos de Paulo
As fontes textuais mais antigas a respeito de Jesus são os escritos de Paulo, que datam cerca de 20 a 30 anos após a crucificação do pregador de Nazaré. Ainda que de acordo com os críticos, Paulo os tivesse escrito cerca de 100 anos depois, ainda assim seria confiável. Pois, escritos após de até 200 anos são considerados provas confiáveis. A distância temporal, em todos esses casos, é a mais ou menos a mesma que separava o historiador Heródoto da época da guerra entre gregos e persas, que aconteceu entre 490 a.C. e 479 a.C. – e ninguém duvida da existência de Leônidas, o rei guerreiro de Esparta. Além disso, a vasta maioria de estudiosos (cristãos ou não-cristãos) apoiam que as Epístolas de Paulo (pelo menos algumas delas) foram de fato escritas por Paulo no meio do primeiro século d.C., menos de 40 anos após a morte de Jesus. Em termos de manuscritos antigos que sirvam como provas, esta fonte é uma extraordinária prova da existência de um homem chamado Jesus em Israel no começo do primeiro século d.C.

Existe outro fato relevante para levarmos em consideração: Se o apóstolo Paulo, principal ícone dessa nova fé, reconhece que não acompanhou nem a vida, nem o ministério de Jesus, e nem tampouco sua crucificação, por que devemos então considera-lo como verídico?

A resposta bíblica plausível para tal interrogação é que o mesmo, que segundo o relato de Lucas no livro de Atos dos Apóstolos era antes um grande perseguidor dos cristãos primitivos, e após sua conversão esteve em contato com os demais apóstolos, testemunhas oculares tanto da vida quanto da ressurreição de Jesus de Nazaré. Ele obteve as informações que necessitava sobre Jesus com os discípulos em Jerusalém, principalmente com Pedro que já se comportava como líder dos irmãos. Descartamos, portanto, as revelações pessoais que o Apóstolo dos gentios teve com o próprio Jesus ressuscitado, inicialmente, num espaço de três anos e também na Arábia, por ser um ponto que concerne apenas à fé¹.

Contudo, outra pergunta surge-nos à mente: O que aconteceu de tão poderoso para um perseguidor ferrenho do cristianismo, como Saulo de Társis² entrar numa profunda metamorfose, e se tornar o maior defensor e propagador dessa nova fé? É impossível afirmar com uma fonte extra-bíblica o que aconteceu. Entretanto, pode-se perceber que deveria ser forte o suficiente para que um fariseu tão dedicado como ele, pudesse mudar de lado tão radicalmente e praticamente levantar as paredes e janelas de uma nova religião. 

Alguém com tamanho grau de conhecimento abraçaria uma mentira pregada por simples pescadores indoutos? Por que ele sustentaria fábula sob constantes ameaças de morte? Primeiro perdendo seu “status” social, sofrendo açoites, naufrágios, apedrejamentos, e daria sua própria vida para defendê-la?

Os escritos de Paulo fornecem muitas informações que se harmonizam com os Evangelhos. Veja uma lista que poderia ser um evangelho de Cristo por Paulo:
·         Jesus nasceu em forma humana, como um judeu, e tinha um ministério para os judeus. ( Gálatas 4:4 ).
·         Jesus era conhecido como "Filho de Deus". ( 1 Cor. 1:9 ).
·         Jesus era um descendente direto do Rei David. ( Romanos 1:3 ).
·         Jesus orou a Deus usando o "abba" prazo. ( Gálatas 4:6 ).
·         Jesus expressamente proíbe o divórcio. ( 1 Cor. 7:10 ).
·         Jesus ensinou que "pregadores" devem ser pagos por suas pregações. ( 1 Cor. 9:14 ).
·         Jesus ensinou sobre o fim dos tempos. ( 1 Ts. 4:15 ).
·         Paulo refere-se a Pedro pelo nome Cefas (pedra), que era o nome de Jesus lhe deu. ( 1 Cor. 03:22 ).
·         Jesus tinha um irmão chamado Tiago. ( Gálatas 1:19 ).
·         Jesus iniciou a Ceia do Senhor e se refere ao pão e o cálice. ( 1 Coríntios. 11:23-25 ​​).
·         Jesus foi traído na noite da Ceia do Senhor. ( 1 Coríntios. 11:23-25 ​​).
·         A morte de Jesus foi relacionada com a celebração da Páscoa. ( 1 Cor. 5:7 ).
·         A morte de Jesus estava nas mãos de governantes terrenos. ( 1 Cor. 2:8 ).
·         Jesus sofreu abusos e humilhações. ( Romanos 15:3 ).
·         Autoridades judaicas estavam envolvidos com a morte de Jesus. ( 1 Ts. 2:14-16 ).
·         Jesus morreu por crucificação. ( Cor 2. 13:4).
·         Jesus estava fisicamente no sepulcro. ( 1 Coríntios 15:4. ).

1.2       Os Evangelhos
Outra fonte desprezada pelo seu teor religioso e seu propósito em provar que Jesus Cristo é o Messias são os evangelhos. Desprezaríamos os evangelhos por ser teológico?
“Nem mesmo os Evangelhos constituem documento irretorquível. “ La Sagesse.

Por que os evangelhos são refutáveis do ponto de vista histórico? Não pretendo aqui, por falta de espaço e por não ser o propósito do presente trabalho tecer argumentos que mostrem a confiabilidade dos evangelhos. Entretanto, Graham Stanton, professor na Universidade de Cambridge , escreve que a maioria dos historiadores aceitam que Jesus existiu e que os evangelhos contêm muitas evidências valiosas, que deve ser ponderada e avaliada criticamente. Dados geográficos, detalhes e descrições de costumes e lugares condizem perfeitamente com os achados arqueológicos. Nomes de lugares e pessoas de quem muitos duvidavam existir teve sua comprovação histórica corroborada pelas descobertas arqueológicas.

Como exemplo, podemos citar o próprio Pôncio Pilatos, de quem muitos duvidavam existir historicamente, até que foram descobertas inscrições com seu nome, cuja foto está no anexo 1 no final do trabalho. Como é de se esperar, hoje ninguém duvida da existência histórica de Pilatos. A maioria dos estudiosos admite que os evangelhos, principalmente os sinóticos, foram escritos cerca de cinquenta anos depois dos acontecimentos.  Foram escritos com a necessidade de suprir informações acerca da vida de Jesus ante ao crescimento do número de cristãos conversos. O próprio Lucas apresenta o propósito e o método utilizado na confecção do livro:
“Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.” Lucas 1.1-4

Pode-se perceber que Lucas ouviu testemunhas oculares e se informou minuciosamente de tudo desde o princípio. Além disso, a historiografia analisa os textos considerando o seu caráter subjetivo e se propõe a extrair fatos históricos do texto em questão. Por que não poderia ser feito assim com os evangelhos? Infelizmente há mais preconceito religioso no meio acadêmico do que em qualquer outro lugar. Ninguém nega que aquele que defende a nulidade dos escritos sagrados e a não-existência de Jesus Cristo, bem como ser contra tudo que se relaciona a religião, principalmente em um centro de ciências humanas de uma instituição universitária será muito melhor visto e aceito do que qualquer bom cientista que prove o contrário. É surpreendente saber que a própria Bíblia Sagrada é uma coletânea de livros que nos trazem muitíssimas informações históricas e mesmo assim, diante da facilidade de se adquirir o livro mais copiado e vendido do mundo, a Biblioteca do CFCH não dispõe de um exemplar sequer. A Bíblia Sagrada independe de religião, independe de fé ou crença, é um livro ímpar que atravessou milênios até nós, e não pode ser desprezado em um centro de estudos como a UFPE.

Mas, vamos ao estudo em questão. Existem outras fontes como o livro de Atos dos Apóstolos. O Livro de Atos dos apóstolos escrito cerca de 40 ou 60 d.C. é uma fonte histórica sobre o surgimento da igreja cristã primitiva. Há pelo menos oito fatos históricos no livro que corroboram para sua autenticidade histórica. Embora o tratamento de sua descrição da história da igreja primitiva seja encarada com ceticismo, os estudiosos críticos como Gerd Lüdemann , Wedderburn Alexander , Conzelmann Hans , e Martin Hengel ainda vêem Atos como contendo valioso acervo de informações historicamente precisas dos primeiros cristãos.

1.3       Os pais da Igreja
Fontes cristãs primitivas fora do Novo Testamento também menciona Jesus e os detalhes de sua vida. Importante textos dos Padres Apostólicos são, para citar apenas as mais significativas e antigas, Clemente de Roma (c. 96), Inácio de Antioquia (c. 107-110), e Justino Mártir .
Quadrato, que escreveu uma apologia ao imperador Adriano, foi relatada por Eusébio teria declarado:
“As palavras de nosso Salvador sempre estiveram presentes, para que fosse verdade: aqueles que foram curados, quem ressuscitou dentre os mortos, aqueles que não eram vistos somente no ato de serem curados ou elevadas, mas também estavam sempre presentes, não apenas quando o Salvador estava vivendo na terra, mas também por um tempo considerável após a sua partida, tanto que alguns deles sobreviveram até aos nossos tempos.” [9]

CAPÍTULO II
2.      O segundo pilar da mitologia do “mito de Jesus

O segundo pilar da mitologia do “mito” de Jesus é que o Jesus histórico não foi comentando nem citado por nenhum historiador romano ou judeu. É o silêncio dos escritores contemporâneos de Jesus que prova sua não-existência:
“As bibliotecas e museus guardam escritos e documentos de autores que teriam sido contemporâneos de Jesus, os quais não fazem qualquer referência ao mesmo.” ³

A resposta proposta é que não há registros romanos que sobreviveram à destruição de Jerusalém. Os historiadores romanos tinham pouco interesse nas idas e vindas de cultos pequenos e eram muito mais preocupados com os imperadores e reis. Jesus fez um pequeno “splash”, enquanto ele estava vivo e não havia nenhuma razão para os historiadores romanos notá-lo. A verdade é que a Palestina era uma das menores ou senão a menor província romana da época. Turbulenta e altamente complexa, a região em que Jesus possivelmente percorreu era uma região culturalmente atrasada e isolada devido principalmente ao sentimento exclusivista judaico-nacional.

Pelo que se pode entender no contexto neo-testamentário é que um carpinteiro pregador da pequena Nazaré não importunaria o Grande Império. Havia questões mais preocupantes para se tratar do que mais um que se autoproclamava o “Meshiach”. Bastaria matar a ameaça e seu rebanho se dispersaria. Esta era a ideia do Sinédrio, e este foi o plano arquitetado que se virou contra os seus executores.
Entretanto, existem citações de alguns historiadores. Algumas informações sobre Jesus ainda pode ser extraída de fontes históricas seculares. As importantes provas históricas de Jesus Cristo incluem:

2.1       Tácito
Publius (ou Caio) Cornélio Tácito (cerca de 56 d.C. - 117 d.C.) foi um senador e um historiador do Império Romano. Ele é geralmente considerado o maior historiador de Roma[4].

“Consequentemente, para livrar-se do relatório, Nero prendeu a culpa e infligiu as punições mais requintado em uma classe odiada por seus atos vergonhosos, chamado Chrestians pela população. Cristo, de quem o nome teve sua origem, sofreu a penalidade extrema (isto é, Crucificação), durante o reinado de Tibério às mãos de um de nossos procuradores, Pôncio Pilatos, e uma superstição maligna, assim marcada para o momento, mais uma vez quebrou se não só na Judéia, a primeira fonte do mal, mas mesmo em Roma, onde todas as coisas abomináveis ​​e vergonhosas de toda parte do mundo a encontrar seu centro e se tornar popular. Assim, a prisão foi feita pela primeira vez de todos os que se declarou culpado, em seguida, sobre as suas informações, uma imensa multidão foi condenada, não tanto do crime de disparo da cidade, mas por ódio contra a humanidade. Zombaria de cada espécie foi adicionado à sua morte. Cobertos com peles de animais, que foram rasgados por cães e pereceram, ou foram pregados em cruzes, ou estavam condenados ao fogo e queimados, para servir como uma iluminação noturna, quando o dia já tinha expirado.” (“Anais” XV,44).[5]

Trata-se de uma referência direta à condenação de Jesus por Pôncio Pilatos. Alguns afirmam que as informações de Tácito foram extraídas dos próprios cristãos, por isso não possuem validade. Mas, este argumento não seria muito conveniente? Quem pode garantir que Tácito não investigou a existência desse Cristo antes de escrever no Anais da História? Tácito não está interessado no sofrimento do povo e questão, mas com o Imperador. Somente os cristãos estavam interessados em Jesus. Outra questão que levantam é que Tácito os chamou de “Chrestians” e não de “Cristãos”. Suetônio confirma que os cristãos tenham sido perseguido por Nero. [6] Comentário do grande historiador inglês Edward Gibbon (1737-1794) sobre esta evocação do autor de Dialogus de Oratoribus:
“A crítica mais cética deve respeitar a verdade desse fato extraordinário e a integridade desse tão famoso texto de Tácito.”

2.2       Plínio o Jovem
Outra fonte é de Plínio, o Jovem (c. 61 - c. 112), o governador provincial do Ponto e Bitínia , escreveu ao imperador Trajano c. 112 a respeito de como lidar com os cristãos, que se recusaram a adorar o imperador e, e que adoravam a "Christus".
“Aqueles que negaram que eram ou tinham sido cristãos, quando invocavam os deuses em palavras ditadas por mim, a oração oferecida com incenso e vinho para sua imagem, que eu tinha encomendado para ser intentada para esse fim junto com as estátuas dos deuses, e além disso, amaldiçoavam a Cristo - nenhum dos quais aqueles que são realmente cristãos, é dito, pode ser forçado a fazer - estes eu pensei que deveria ser apurado. Outros nomeados pelo informante declarou que eles eram cristãos, mas depois negou, afirmando que tinha sido, mas tinha deixado de ser, alguns há três anos, outros há muitos anos, alguns, tanto como 25 anos. Todos adoraram a sua imagem e as estátuas dos deuses, e amaldiçoaram a Cristo.” [7]

2.3       Suetônio
Caio Suetônio Tranquillus (c. 69 - 140 ) escreveu o seguinte em seu “Vidas dos Doze Césares” sobre rebeliões que eclodiram na comunidade judaica em Roma sob o imperador Cláudio :
"Como os judeus estavam fazendo constantes distúrbios por instigação de Cresto, ele [ Cláudio ] os expulsou [os judeus] de Roma ". [8]

O evento foi observado em Atos 18:02 . O “Chrestus” termo que também aparece em alguns textos mais tarde aplicado a Jesus, e Robert Graves, entre outros, consideram uma grafia variante de Cristo, ou pelo menos um erro ortográfico razoável. Por outro lado, Cresto era em si um nome comum, especialmente para os escravos, ou seja, bom ou útil. Em relação à perseguição aos judeus, na época em que essa passagem se refere, a Enciclopédia Judaica declara: "... em 49 - 50, em conseqüência de dissensões entre eles sobre a chegada do Messias , eles foram proibidos de realizar serviços religiosos. Os líderes da controvérsia, e muitos outros dos cidadãos judeus, deixou a cidade ".

Outra sugestão a respeito de porque Chrestus pode não ser Cristo é baseada no fato de Suetônio se refere aos judeus não cristãos, nessa passagem, embora em sua Vida de Nero, ele mostra algum conhecimento da existência da seita. Uma solução para este problema, no entanto, reside no fato de que os primeiros cristãos ainda não haviam separado desde a sua origem judaica neste momento. Os primeiros cristãos não tinham a intenção de criar uma nova religião, prova disto é que os mesmos ainda cultivavam e respeitavam todos os costumes judaicos. Eles guardavam o sábado, mas respeitavam também o domingo, oravam nas horas de oração, e houve questões acerca da Tarah que tiveram que resolver em reuniões com os apóstolos em Jerusalém. Tudo isso nos mostra que o cristianismo primitivo ainda estava ligado por um cordão umbilical ao judaísmo, que só foi cortado depois com a destruição do Templo, principal ícone da religião judaica.

2.4       Flávio Josefo
Flávio Josefo é o mais famoso historiador judeu. Em seu Antiguidades Judaicas, se refere a Tiago: “o irmão de Jesus, que era chamado Cristo.” Há um verso polêmico (XVIII,3) que diz: “Agora havia acerca deste tempo Jesus, homem sábio, se é que é lícito chamá-lo homem. Pois ele foi quem operou maravilhas... Ele era o Cristo... ele surgiu a eles vivo novamente no terceiro dia, como haviam dito os divinos profetas e dez mil outras coisas maravilhosas a seu respeito.” Uma versão diz: “Por esse tempo apareceu Jesus, um homem sábio, que praticou boas obras e cujas virtudes eram reconhecidas. Muitos judeus e pessoas de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos o condenou a ser crucificado e morto. Porém, aqueles que se tornaram seus discípulos pregaram sua doutrina. Eles afirmam que Jesus apareceu a eles três dias após a sua crucificação e que está vivo. Talvez ele fosse o Messias previsto pelos maravilhosos prognósticos dos profetas" (Josefo, "Antiguidades Judaicas" XVIII,3,2).

Há uma questão instigante em Josefo. Como fariseu, ele nunca reconheceria Jesus como Messias, mas, segundo Orígenes[10], apresenta o fato de que os cristãos já sabiam que Josefo não acreditava que Jesus era o Messias. Mas pelo que se entende em dois dos seus textos, o termo “Cristo” constava nos escritos de Josefo, não para enaltecer Jesus como messias, mas para apresentar Thiago e os cristãos como a causa da destruição de Jerusalém, como castigo divino contra os cristãos. Orígenes defende que Flávio Josefo deveria ver que a causa da punição divina sobre os judeus de Jerusalém era por causa da morte de Thiago, “irmão do Senhor”.

2.5       Manuscritos do Mar Morto
Os Manuscritos do Mar Morto são do primeiro século ou escritos mais antigos que mostram a língua e os costumes de alguns judeus de "tempo de Jesus”. Segundo o clérigo e estudioso do Novo Testamento Henry Chadwick , usos semelhantes, de línguas e pontos de vista registrados no Novo Testamento e na Manuscritos do Mar Morto são úteis para mostrar que o Novo Testamento retrata o período do primeiro século que os relatórios e não é um produto de um período posterior.

2.6       Outras fontes
Julio Africano cita o historiador Talo em uma discussão sobre as trevas que sucederam a crucificação de Cristo (Escritos Existentes, 18).

“No mundo inteiro há uma escuridão pressionou mais temíveis, e as pedras foram rasgadas por um terremoto, e em muitos lugares na Judéia e outros distritos foram jogados para baixo. Esta escuridão Talos, no seu terceiro livro de História, chamadas (como parece-me sem razão) um eclipse do sol.” [11]

O Talmude da Babilônia (Sanhedrin 43 a) confirma a crucificação de Jesus na véspera da Páscoa, e as acusações contra Cristo de usar magia e encorajar a apostasia dos judeus.
Luciano de Samosata foi um escritor grego do segundo século que admite que Jesus foi adorado pelos cristãos, introduziu novos ensinamentos e foi por eles crucificado. Ele disse que os ensinamentos de Jesus incluíam a fraternidade entre os crentes, a importância da conversão e de negar outros deuses. Os Cristãos viviam de acordo com as leis de Jesus, criam que eram imortais, e se caracterizavam por desdenhar da morte, por devoção voluntária e renúncia a bens materiais.

Mara Bar-Serapião confirma que Jesus era conhecido como um homem sábio e virtuoso, considerado por muitos como rei de Israel, executado pelos judeus, e que continuou vivo nos ensinamentos de seus seguidores.
Então temos os escritos Gnósticos (O Evangelho da Verdade, O Apócrifo de João, O Evangelho de Tomé, O Tratado da Ressurreição, etc.) todos mencionando Jesus.

CAPÍTULO III
Jesus é uma junção de mitologias pagãs?

A história de Jesus mostra fortes paralelos com religiões orientais Médio sobre morte e ressurreição deuses, simbolizando o renascimento do indivíduo como um rito de passagem. Robert Price escreve que os apologistas cristãos têm tentado minimizar esses paralelos. Tem-se observado desde a antiguidade e na erudição moderna desde o século 19, que Jesus Cristo tem impressionantes paralelos com outras divindades adoradas na religião helenística, especificamente para o culto de Dionísio, no grego religiões de mistério e com o Buda .

O estudo de Jesus Cristo como mito é popularmente associado a uma postura cética em relação à historicidade de Jesus, conhecida como a "teoria do mito de Cristo", e James DG Dunn opina que "Mito é um termo melhor, relevância duvidosa para o estudo de Jesus e Evangelhos. "

Eles apontam que a história neotestamentária de Jesus se assemelha por demais á mitologias do culto grego (Édipo), mas também egípcia (Hórus e Osíris), Romano (Baco) e persa (Mitra). Em outro lugar você vai encontrar as divindades celtas, vikings e beserkers místicos indianos sendo puxados para a briga. Nesta teoria Jesus seria uma invenção, possivelmente em Alexandria, de um “messias” que incorporaria os deuses das muitas mitologias existentes antes e da época bíblica.

Neste caso, só tem valor as mitologias que existiram antes de Cristo, e que o cristianismo tomou como parte da sua “concepção”. O Jesus dos cristãos na verdade seria uma mescla destes mitos, portanto, também um mito. Mas, existem muitos pontos a serem vistos.

Primeiro, a linguagem é importante. Todas as traduções idiomáticas destas religiões para os idiomas de hoje utilizaram termos e palavras carregadas de significados cristãos. Por exemplo, termos cristãos, como a 'salvação', 'Eucaristia', 'Verbo que se fez carne "e" Cordeiro de Deus' são hoje moeda comum. Portanto, ao traduzir ou parafrasear fontes pagãs usaremos sempre uma linguagem cristã moderna. Será que os termos que usamos hoje para cultos pagãos refletem exatamente à mesma ideia ou conceito religioso pagão daquela época? Desta forma, você pode chamar uma mulher sendo estuprada por vários tipos de animais selvagens como um "nascimento virgem", você pode chamar com as partes do corpo preso novamente juntos uma 'ressurreição' e você pode chamar apenas sobre cada herói grego um “filho de Deus“.

Em segundo lugar, a influência religiosa pode ser de corrente contrária à defendida pela teoria. Isto é, você pode encontrar uma imagem mostrando Baco em uma cruz que data de 200 anos depois que Jesus foi crucificado, e ainda assim você ainda pode afirmar que os cristãos copiaram dos pagãos e não o contrário. É o que acontece com muitos pseudointelectuais que afirmam a suástica, símbolo usado há milênios no hinduísmo é satânico por que Hitler usou como símbolo do nazismo. Outros afirmam que o triângulo usado nas pinturas de igrejas construídas por maçons há poucos séculos provam que o cristianismo é invencionice egípcia.

Em terceiro lugar, qualquer um pode dizer que coisas totalmente diferentes são, na verdade intimamente relacionados. Por exemplo, Mitra era às vezes representado por um touro. Digamos que este é o mesmo que Jesus está sendo chamado o Cordeiro de Deus (ignorando que é um símbolo da sexualidade e da força e o outro de inocência e humildade). Compare o ritual mítrico de tomar um banho de sangue morno do touro acima, com o batismo cristão com água. Alegação de que os ladrões crucificados com Jesus são as mesmas que um par de portadores da tocha que aparecem em algumas ilustrações de Baco. Trata-se, portanto, de uma falsa intelectualidade e se aparenta mais com uma “teoria da conspiração” do que um estudo científico-histórico de verdade.

CAPÍTULO IV
Provável prova arqueológica da existência de Jesus

O ossuário, uma urna funerária de Tiago data do século 1 e traz a inscrição em aramaico "Tiago, filho de José, irmão de Jesus" (Ya'akov bar Yosef achui d'Yeshua). Oculto por séculos, o ossuário foi comprado muitos anos atrás por um colecionador judeu que não suspeitou da importância do artefato. Só quando o renomado estudioso francês André Lemaire viu na urna, em abril de 2002, a inscrição na língua falada por Jesus, foi que se descobriu sua importância. O ossuário foi submetido a testes pelo Geological Survey of State of Israel e declarado autêntico. Segundo o jornal The New York Times, "essa descoberta pode muito bem ser o mais antigo artefato relacionado à existência de Jesus".

A possibilidade da existência de um depositário dos restos mortais de um parente próximo de Jesus Cristo agitou o circuito da arqueologia bíblica. Seria a primeira conexão física e arqueológica com o Jesus do Novo Testamento. Conhecido popularmente como o caixão de Tiago, a peça teve sua veracidade colocada em xeque pela Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA). Em dezembro de 2004, Golan foi acusado de falsificador e a Justiça local entrou no imbróglio. No mês passado, porém, o juiz Aharon Farkash, responsável por julgar a suposta fraude cometida pelo antiquário judeu, encerrou o processo e acenou com um veredicto a favor da autenticidade do objeto. A justificativa é de que, naquele tempo, os ossuários ou continham o nome da pessoa morta ou, no máximo, também apresentavam a filiação dela. Nunca o nome do irmão. Professor de história das religiões, André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, levanta a questão que aponta para essa desconfiança. “A inscrição atribuiria a Tiago uma certa honra e diferenciação por ser irmão de Jesus. Como se Jesus já fosse um “popstar” naquela época”, diz ele. Discussões como essa pontuaram a exposição de cerca de 200 especialistas no julgamento. A participação de peritos em testes de carbono-14, arqueologia, história bíblica, paleografia (análise do estilo da escrita da época), geologia, biologia e microscopia transformou o tribunal israelense em um palco de seminário de doutorado. O próprio perito da IAA, Yuval Gorea, especializado em análise de materiais, admitiu que os testes microscópicos confirmavam que a pátina onde se lê “Jesus” é antiga. [13]

Pode ser este o mais antigo artefato ligado diretamente à Jesus Cristo histórico. Isso somente a prova do tempo nos dirá.


  
CONCLUSÃO
Não se encerra este debate tão facilmente. Se Jesus Cristo existiu historicamente é um debate que ainda levará um bom tempo para cessar. Provavelmente, só se encerrará na descoberta ou do diário de Jesus ou de seus ossos. É um assunto instigante e que meche com a razão, mas acima de tudo a fé. Para os cristãos, provar que Jesus Cristo existiu importa tanto quanto provar que o Sol amanhã nascerá. Para os ateus isto é uma questão de honra. Talvez pense eles que arrancando Jesus da História, poderia arranca-lo dos corações. Muitos filósofos e eruditos já se propuseram à este árduo trabalho, nenhum deles pode destrona-lo.

Por incrível que pareça quase dois mil anos depois, eruditos e estudiosos estão descobrindo o gênio que foi Jesus Cristo. “Jesus não foi apenas um maravilhoso catalisador de almas, o autor e porta-voz de uma doutrina sublime... revelou-se o mais sábio dos fundadores, o mais completo dos educadores e o mais eficaz dentre os homens. Deu aos seus discípulos uma doutrina concreta, digna de uma excelente escola de líderes, e ensinou-lhes também uma estratégia. Temos o direito de dizer, portanto, que a Igreja nasceu de Cristo.” Nenhuma fábula produziria treze [14] apóstolos tão ligados pelo amor fraternal como eles. Ainda que alguns ensinamentos tenham sido citados antes de Cristo, ninguém os ensinou com sua própria vida como Ele.

Jesus continua sendo o personagem mais instigante da História. Duvido que tantos homens indoutos, outros letrados, de todas as classes sociais, cor e nacionalidades seriam capazes de perder tanto para defender uma mentira que eles mesmos inventaram e defenderam até a morte. Não são poucas as virtudes morais e humanas que os ensinamentos de Cristo trouxeram ao mundo. Foi uma revolução sem armas. Hoje, existem muitos “cristos”, muitos deles ou a maioria, criados por homens movidos pela ganância e poder que a religião proporciona.

Mas, somente um homem de verdade, divino ou não, poderia mudar o mundo com sua vida e ideias como ele mudou. "... Quanto ao Cristo... Acho que a personagem mais forte, mais dinâmica e mais importante que já existiu, acabou por ser terrivelmente deformada pela tradição. Mostrá-lo-ia, então, acolhido em delírio por homens, mulheres, e crianças. As pessoas iriam ao seu encontro para sentir seu magnetismo. Não mais seria um homem piedoso, triste e distanciado; um solitário que acabou por ser o maior imcompreendido de todos os tempos." (Charles Chaplin).

Ele inspira homens, metamorfoseia o caráter, esculpe o ser humano em uma obra-prima. "Se as doutrinas de Jesus sempre tivessem sido pregadas como a pureza de quando saíram de seus lábios, todo o mundo civilizado seria atualmente cristão." (Thomas Jefferson). Sua importância e relevância para a humanidade não é sequer arranhada pelos ataques que já sofreu. Jesus é a prova de que a humanidade pode ser melhor. Que ninguém roube esta esperança do coração dos homens.
"A história inteira é incompleta sem Jesus." (Ernest Renan)

¹ Gálatas 1.16-19: O Apóstolo afirma que o próprio Jesus o ordenou pregar aos gentios, e que depois da sua conversão em Damasco foi para a Arábia e depois para Damasco novamente. Só assim foi para Jerusalém onde se encontrou com Pedro e Tiago, irmão do Senhor.
²  O antigo nome de Paulo, em homenagem ao rei Saul, primeiro rei de Israel, que também era da tribo de Benjamim.
³ La Sagasse – Nome dado á um material encontrado na internet. Embora não haja nenhuma outra informação sobre quem seja ou o que é, seus argumentos foi considerado por mim, os mais razoáveis. Há informações de que se trate de Jean-Ferdinand Denis.
4 Van Voorst Robert E., Jesus fora do Novo Testamento: Uma Introdução à Prova Antiga, Wm. Eerdmans B., 2000. p 39.
5 Catherine M. Murphy, o Jesus histórico For Dummies, Editora For Dummies, 2007. p 76.
6 Suetônio, Vida dos Doze Césares, Vida de Nero 16:02.
7 Plínio a Trajano, Letras 10,96-97.
8 Iudaeos, Chresto impulsore, assidue tumultuantes expulit Roma; Uchicago.edu.
9 Citado em Eusébio, História Eclesiástica 4.3.2, tradução de Richard Bauckham em seu Jesus e as testemunhas oculares (Cambridge: Eerdmans, 2006), p. 53.
9 Inácio, Carta aos cristãos de Trali 9, Carta aos Cristãos de Esmirna 1, 3.
11 Julius Africanus, escritos existentes no XVIII-Nicene Padres Ante, ed. A. Roberts e J. Donaldson (Grand Rapids: Eerdmans, 1973) vol. VI, p. 130.
12 "Myth" in Dictionary of Jesus and Gospels ed. Joel B. Green, et al.
13 Revista Isto é.
14 Treze por que inclui-se Matias que substituiu Judas Iscariotes e acrescenta-se Paulo, o último apóstolo.

Bibliografia
Theologians as Historians the statement by historian Rolf Torstendahl, p 197,retrieved 10/9/10
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George J. Brooke (01 maio de 2005). Os Manuscritos do Mar Morto e o Novo Testamento . Pressione Fortaleza. p. 20 -. ISBN 9780800637231 . Retirado 04 de agosto de 2010.