A PARÁBOLA DOS TALENTOS

 


A PARÁBOLA DOS TALENTOS

(Mt 25.14-30)

 INTRODUÇÃO:

 CONTEXTO: O Senhor Jesus estava na sua última semana de ministério. Enquanto dava as últimas instruções aos seus discípulos foi interrogado por eles acerca de como seria o fim do mundo. É nesse contexto que Jesus apresenta o sermão profético e as parábolas escatológicas, pois falavam acerca do fim. Dentre elas destacavam-se: A parábola dos dois servos, das dez virgens e a dos talentos. Neste estudo iremos comentar as principais lições da parábola dos talentos.

 SIGNIFICADO:

A parábola dos talentos apresenta Jesus como o senhor que saiu para uma longa viagem (Mt 25.14), mas que antes emprestou a três dos seus servos grandes quantias para que eles administrassem, obviamente estes servos simbolizam os discípulos de Jesus. Isto é confirmado em Efésios 4.8: “Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro,e deu dons aos homens.”

Jesus confiou aos seus servos dons, talentos e habilidades espirituais para fazer a Obra de Deus com os seguintes propósitos:

1. O aperfeiçoamento dos santos (Ef 4.13);

2. Edificação do corpo de Cristo (Ef 4.13);

3. Para o que for útil (I Co 12.7).

O propósito dos dons não é a ostentação do crente, mas uma oportunidade para o serviço. O tempo de espera também é um tempo de oportunidades para servir fielmente ao Senhor.

 O talento era uma unidade monetária que equivalia a 6.000 denários, isto é, 6 mil dias de trabalho de um trabalhador comum. Correspondia a quase 16 anos e meio de trabalho. O senhor distribuiu de acordo com sua própria capacidade, pois o mestre não nos dá responsabilidades além da nossa capacidade.

I. A PARÁBOLA DOS TALENTOS ENSINA QUE O SENHOR NÃO É INJUSTO.

”...a cada um segundo a sua capacidade” (Mt 25. 15)

Nosso Senhor conhece nossa estrutura e capacidades individuais, assim como nossas próprias limitações (Sl 103.14). Se Ele nos confiou algo é por que sabe que somos capazes de administrar e usar para sua glória.

 II. A PARÁBOLA DOS TALENTOS ENSINA QUE O POUCO QUE ELE NOS DÁ É MUITO.

”... sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei” (Mt 25. 21)

Vimos que um talento corresponde a 16 anos de trabalho, o que já era uma fortuna incrível para aqueles servos. O primeiro servo recebeu cinco talentos, que correspondia a 80 anos de trabalho. Haja vista que a expectativa média de vida daquela época era baixa, era quase impossível para um trabalhador comum acumular uma fortuna como esta. Mas, ainda assim o senhor falou: “sobre o pouco foste fiel...” Aquela fortuna era pouco diante daquilo que o mestre iria colocar nas mãos daquele primeiro servo. Sem dúvidas, jamais iríamos conseguir por méritos próprios os dons e talentos que Ele nos confiou. Em qual faculdade você pode receber os dons de cura ou de operação de maravilhas? O que Deus nos confiou são tesouros imensuráveis e mesmo assim não se comparam com aquilo que Ele preparou para nós (I Co 2.9).

 III. A PARÁBOLA DOS TALENTOS ENSINA QUE NÃO SOMOS DONOS DE NADA.

”E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles.” (MT 25.19)

Exatamente tudo pertence ao nosso Senhor. Ele é dono dos talentos, dos dons, e de nós mesmos. Ninguém pode se gloriar por pregar bem, curar enfermos ou fazer coisa alguma na Obra do Senhor, por que tudo pertence a Ele. “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.” (2 Coríntios 4:7). Somos apenas administradores de Deus.

 IV. A PARÁBOLA DOS TALENTOS ENSINA QUE O SERVO MAU É NEGLIGENTE, PERVESO E NÃO ASSUME SUA PRÓPRIA CULPA.

“Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste;

E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.” (Mateus 25:24,25).

 O servo mau colocou a culpa de não ter feito nada com o talento no seu senhor, acusando-o de ser injusto e cruel, e por isso teve medo e enterrou o talento que recebera. A natureza humana nunca quer reconhecer seus próprios erros e culpa, a exemplo de Adão, que ao ser confrontado pelo Senhor, colocou a culpa de ter comido do fruto proibido no próprio Senhor (Gn 3.12). O grande erro de muitas pessoas é querer colocar a culpa de suas próprias falhas nos outros e nunca assumir a responsabilade. Quantos enterram os seus talentos e colocam a culpa na cara feia de um irmão, ou na falta de oportunidades. Quem quer fazer a Obra de Deus consegue arranjar oportunidade em toda dificuldade, mas quem não quer, coloca dificuldade em toda oportunidade.

 V. A PARÁBOLA DOS TALENTOS ENSINA QUE ATÉ O POUCO QUE SE TEM PODE SER TIRADO.

“Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.”(Mt 25:27)

Ao não investir o talento no banco, o servo mau roubou os juros que o seu senhor poderia receber. O que muitas pessoas precisam entender é que não se peca apenas quando se faz algo errado, mas também comete pecado quem deixa de fazer o que é certo. São chamados de pecados de omissão, “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.” (Tiago 4:17). Então não enterre seus talentos, se o Senhor lhe confiou algo é para ser usado e aperfeiçoado na sua Obra. A cobrança do Senhor pode ser muito alta: “Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 25.30).

 VI. A PARÁBOLA DOS TALENTOS ENSINA QUE TER TALENTOS NÃO É A MESMA COISA DE SER APROVADO POR DEUS.

“Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?

E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mateus 7:22,23)

 Jesus deixou claro que não se trata apenas de perder o talento que ele nos confiou, mas o de perder o privilégio de se alegrar na mesa com o seu Senhor. Dos três servos que receberam os talentos, somente este último deixou de “entrar no gozo do seu senhor”.

 CONCLUSÃO

 Aceitar a Cristo como Salvador é se tornar servo do Senhor, é se submeter à sua vontade e querer. O Mestre saiu para uma longa viagem, e enquanto Ele não volta não podemos ficar de braços cruzados. Mas, devemos trabalhar com aquilo que Ele nos confiou. Como diz o hino da harpa Cristã: “Há trabalho pronto para ti cristão, que demanda toda tua devoção. (Hc 93)” A vida cristã não é de inércia e preguiça, mas de trabalho, dedicação e serviço ao nosso Senhor “como bons dispenseiros da multiforme graça de Deus” (I Pe 4.10) .

Haverá uma prestação de contas: Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.( 2 Co 5:10). Matthew Henry afirma que “Cristo tem uma honra guardada para aqueles que o honram, uma coroa (2 Tm 4.8), um trono (Ap 3.21), um Reino (cap. 25.34). Aqui, eles são pobres; no céu, serão governantes. Os justos terão o domínio. Todos os servos de Cristo são príncipes.” O servo do Senhor não deve esperar elogios e reconhecimento dos homens, mas de Cristo, pois como será bom ouvir do nosso Senhor: “Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” (Mateus 25:23).

 

Pr. Flávio Alves


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