Os dois caminhos e os dois destinos - Salmo 1º


SALMOS 1

Sobre o livro

Coletânea de cinco livros. O nome deriva do grego: Psalm, e indica um cântico para ser acompanhado com instrumento de cordas, como harpa. E no hebraico: Sophar Tehillim, que significa: Livro dos louvores. É a hinário de Israel e o livro vetero-testamentário mais citado no Novo Testamento. Ele verbera sobre as mais profundas experiências e necessidades do coração humano de uma forma poética, exercendo atração forte a qualquer leitor. Ao contrário do que a maioria dos leitores pensam, os Salmos não foram escritos unicamente por Davi, mas homens como Moisés, os filhos de Coré, entre outros tantos, inclusive anônimos, prefiguram como escritores sagrados. Os principais tipos de Salmos são os de louvor, júbilo, sabedoria, liturgia, imprecações sobre os inimigos, salmos reais, triunfo, e cânticos festivos. O salmos 1º apresenta os dois caminhos e os dois destinos que o homem pode escolher.

Introdução ao Capítulo

O Salmos 1º é mais que uma introdução ao Livro inteiro, começa com a primeira letra do alfabeto hebraico e termina com a última letra, isto para mostrar que Deus é o Alfa e Ômega. Este capítulo é uma placa para quem viaja pela vida, mostrando os perigos e os benefícios de seguir o caminho do justo ou o caminho do ímpio. O destino do homem é traçado na escolha do caminho que ele decidiu para caminhar na vida. Este é um Salmo de sabedoria, e quão bem-aventurados são os que meditam nessas palavras! Deus não deixa o homem sem direção, Ele mostra o fim de cada um dos caminhos que o homem escolher.Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos. Salmos 32:8

Salmos 1:1: Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.

O homem feliz é aquele é justo. E, segundo esta sentença, existem três coisas que o justo não faz:
a.       Não anda segundo o conselho dos ímpios: A Bíblia nos apresenta vários exemplos de como pode ser trágico andar pelo conselho de pessoas ímpias, isto é, não-fiéis. Amon, filho de Davi, seguiu o conselho de seu amigo Jonadabe, e estuprou sua meia-irmã, Tamar, trazendo desgraça e desestruturando totalmente a família de Davi (II Sm 13.1-20); Roboão, sucessor de Salomão, não quis seguir o conselho dos mais velhos, mas pelo dos seus amigos mais novos, e aumentou sobre o povo altos impostos provocando a divisão do Reino em dois, e nunca mais se reuniram (I Rs 12.1-20).
b.      Ele não imita o caminho dos ímpios e nem é companheiro deles: O mundo impõe sobre a Igreja, constantemente, suas formas e estilos de viver totalmente distantes dos padrões morais de Deus. O cristão precisa entender que não seremos jamais Igreja (eklésia) de Cristo imitando os padrões e valores do mundo. Não é o cristão que deve imitar o mundo, mas o mundo que deve ver em nós o modelo a seguir.
c.       Ele não se assenta junto a zombadores: Nenhum homem bom anda em companhia de pessoas más. Ele não anda, não fica, e nem se assenta junto àqueles que abominam a Palavra de Deus, isto é, que são ímpios (infiéis), pecadores e zombadores das coisas de Deus! Ai dos que zombam de Deus e de seu povo, pois as ursas que dilaceraram quarenta e dois rapazes que zombaram de Eliseu, ainda estão à disposição de um Deus que também é juiz! (II Rs 2.24).

Salmos 1:2: Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.
Os justos não ficam ociosos nos mexericos e fofocas, ou zombarias, pois estão ocupados em meditar na Lei do Senhor. O justo não imita e nem anda na companhia dos ímpios, mas tem prazer em estar na meditação da Palavra de Deus. A palavra meditar denota a leitura em voz baixa, do leitor para consigo mesmo, usando e aplicando o seu intelecto em compreender a Lei do Senhor. E isso para ele não é um fardo, é um prazer. O cristão não vive apenas de experiências sobrenaturais com Deus, mas também de se ocupar em estudar as Escrituras, este para ele, é um trabalho prazeroso. O sucesso de Josué seria apenas a consequência dessa meditação (Js 1.1-9). A meditação é a forma mais eficaz para interiorizar o que se lê, enraizando a Palavra dentro do seu próprio coração através do intelecto. Não basta apenas ler, é necessário refletir nela para encontrar direção, instrução e conselho.

Salmos 1:3: Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.
O justo é comparado à uma árvore que está plantada próximo à ribeiros de águas, e estas águas são a Palavra de Deus. É desse ribeiro que se alimenta a árvore e ele o segredo da sua vida e vigor. Enquanto as demais árvores poderão murchar, secar e morrer por estar distante dessas correntes de águas, aquele que se alimenta da Palavra não seca, não murcha e nem morre. Mas, é frutífero, isto é, produz alguma coisa, e por isso é útil. Está cumprindo o seu propósito para a qual foi criada. O justo possui folhas verdes e belas por que está regada pela Palavra de Deus. É firme e suas folhas não caem por qualquer ventania. E, por último, tudo o que faz prospera! Observe que esta prosperidade não é uma prosperidade passiva, onde a pessoa apenas recebe a prosperidade de Deus, é uma parceria onde todo o trabalho do justo é bem sucedido garantido pela própria Palavra de Deus.

Salmos 1:4: Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha.
Mas, o infiel não possui o mesmo destino. Os ímpios murcham, secam e suas folhas caem levadas pelos ventos. Aqueles que não obedecem à Palavra de Deus possui este destino vazio e inútil. O vento são as adversidades da vida, e que muitas vezes são enviadas por Deus como forma de julgamento. Enquanto o justo resiste firme, o ímpio é levado por ela. O sopro de Deus mostra que as obras dos ímpios são secas e ocas! Nulas, vazias e inúteis! Quem resiste ao hálito do Senhor?

Observo as obras dos homens no mundo, todos tentando mostrar sua grandeza, fama, riqueza e poder. Mas, nada disso se aproveitará. Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo. Malaquias 4:1

Salmos 1:5: Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justo.
Segundo o Ph.D. R.N. Champlin, o juízo neste versículo não se refere à apenas o juízo além-túmulo. Mas, afirma que tanto física quanto espiritualmente, o final do ímpio é trágico e nefasto. Os ímpios não podem suportar tanto nesta vida quanto na próxima os juízos de Deus. A Bíblia mostra vários exemplos de como os ímpios podem receber os juízos de Deus nesta vida: Hamã, primeiro-ministro do rei Assuero sofreu derrotas após derrotas até ser enforcado na forca que ele mesmo preparou (Es 7.10). Mas, o juízo também será exercido na própria congregação dos justos, lembre-se de Hofni e Finéias, filhos do sacerdote Eli, que tanto fizeram Israel pecar diante de Deus e atraíram a ira de Deus sobre eles (I Sm 4.11). O Senhor não permitirá que os ímpios se escondam por muito tempo no meio dos justos.

Salmos 1:6: Porque o Senhor conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá.
Aquele que vê o homem pelo interior antes do exterior, conhece bem o caráter do ser humano. Ele sabe quem são os justos de verdade, e aqueles que fingem que são, mas não são. Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações. (Jr 17:10). A alegria do crente é que Deus conhece sua vida e sua procedência. Ele sabe quem são os seus, mas os ímpios perecerão.

O propósito maior deste Salmo é apresentar os dois destinos que o homem pode ter. Ele exorta ao leitor tomar uma postura. O texto mostra de forma sapiencial o caminho da vida, da prosperidade e da aprovação de Deus. Apresenta o veredito sobre o fim daqueles que são infiéis, vivem na prática do pecado e zombam das coisas de Deus. Exposto tudo isso, resta uma pergunta: Qual caminho você escolherá?


Pr. Flávio Alves


CHAMPLIN, R.N.Comentário O Antigo Testamento,  Editora Hagnos. Vol. 4, 2ª Edição, 2001.
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano, Editora Mundo Cristão, 2ª Edição, 2010.

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