A ressurreição de Cristo é a pedra fundamental
da arquitetura de Deus, é o coroamento do sistema bíblico, o milagre dos
milagres. A ressurreição salva do escárnio a crucificação e imprime à cruz
glória indizível.
“Vimos o Senhor”, esta foi a
expressão alegre que os discípulos falaram a Tomé no domingo de páscoa após
terem visto Jesus ressuscitado. Mas, como pode um homem que foi traspassado por
uma lança, teve suas mãos e pés perfurados, sofreu flagelos inimagináveis e dor
imensurável, comprovadamente morto, voltar a viver depois de três dias? Tomé,
homem apegado à matéria, ao mundo palpável, ao que somente pode ser provado e
experimentado disse: “Se eu não vir o
sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o meu dedo no lugar dos cravos, e
não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.” João 20:25.
Ele queria provas.
O mundo que vivemos está cada vez
mais incrédulo. Os charlatões, os falsos milagreiros, os hipócritas amantes do
dinheiro são os maiores culpados dos homens estarem cada vez mais céticos em
relação ao sobrenatural. Mas, estes não são os únicos motivos. A humanidade se
distancia cada vez mais de Deus, e a incredulidade é confortável para encobrir
suas vidas pecaminosas e reprováveis (II Tm 3.1). É o curso natural de uma
humanidade decadente moral e espiritualmente. Contudo, resta-nos uma pergunta: “Quando porém vier o Filho do homem,
porventura achará fé na terra?” Lucas 18:8.
A resposta é que ainda há um povo
que crê num Jesus que venceu a morte e continua vivo. A nossa fé está
fundamentada na ressurreição de Cristo. Crermos que Jesus ressuscitou é imprescindível
para a nossa salvação: “... e em teu
coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” Romanos
10:9. Esta doutrina é tão importante para nossas vidas que desejo trazer-lhes
aqui alguns dos principais motivos pelos quais podemos explicar porque e para
que Jesus ressuscitou.
É
pedra fundamental de toda a nossa fé
Em I Co 15.12-19, o apóstolo
Paulo explica que se Cristo não ressuscitou:
a) A pregação apostólica é nula (v.14).
Isto é, não há sentido, propósito ou significado pregar sobre alguém que está
morto. Os apóstolos deram as suas vidas pregando sobre alguém que estava morto,
e mais, perderam família, bens, status e poder para dedicarem suas vidas à
pregação de algo sem fundamentos ou sentido. Qual a razão para defender um
falso messias? Não seria mais confortável esquecê-lo do que serem perseguidos
até os confins da terra por um falso profeta?
b) A fé dos crentes é vã (v.14).
De fato, qual o sentido de renunciar tudo por uma mentira? Qual o sentido teria
as palavras de Jesus: “quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” (Mateus
16:25). Ou mesmo “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em
mim, ainda que esteja morto, viverá;” (João 11:25). Toda a nossa fé nas palavras
de Jesus seriam tolas e perderiam o efeito.
c) Os apóstolos morreram como
falsas testemunhas (v.15). Acredito que alguém seja capaz de morrer defendendo
uma mentira. Mas, afirmar que todos os discípulos de Jesus resistiram à
tortura, açoites, fome, frio, e deram a própria vida para defender uma mentira
é impensável. Os discípulos sabiam dos perigos de se pregar em público uma
declaração como esta. Mas, mesmo o sinédrio judaico, que era a cúpula e
aristocracia de Jerusalém ordenando expressamente que não podiam mais falar no
nome de Jesus, eles responderam: “Mais importa obedecer a Deus do que aos
homens.” (Atos 5:29).
Somente uma experiência muito
real e verdadeira poderia converter um grupo covarde de seguidores, escondidos
com medo da perseguição, com pouca cultura, decepcionados e frustrados, com o
coração quebrado e a moral despedaçada em verdadeiros arautos da ressurreição.
Dispostos a suportar os mais terríveis açoites e formas de serem mortos: “Porque
não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” (Atos 4:20). Eles
eram testemunhas do maior milagre do mundo e não podiam ficar calados. Aleluia,
porque eles tiveram a coragem de falar aos quatro cantos da terra que Jesus
ressuscitou e está hoje vivo, assentado à direita de Deus Pai (Mc 16.19).
Dr. William Barclay afirma que a
ressurreição de Jesus é a prova contundente de que a verdade é mais forte do
que a mentira. Mataram Jesus porque queriam calar a verdade, mas, quando Ele
ressuscitou hasteou a bandeira da verdade sobre o império da mentira. A luz de
Cristo raiou naquela manhã para dissipar toda mentira e engano para sempre. Nenhuma
fraude poderia subsistir por dois mil anos, e poderia ser propagada ou
defendida até à morte por tantos homens em tantas épocas, culturas e
nacionalidades. “Pode-se afirmar, sem a mínima hesitação, que a ressurreição de
Cristo é o fato mais bem comprovado da história.”
d) Nós ainda permanecemos em
nossos pecados (v. 17). Se Jesus não tivesse ressuscitado dos mortos todos nós
ainda estaríamos sob o jugo infeliz do pecado. Estaríamos condenados à morte
eterna (Rm 6.23). O brado de Jesus na cruz: “está consumado” não teria efeito.
e) Os que dormiram em Cristo
pereceram (v.18). Se não houvesse a ressurreição de Cristo todos os que
morreram crendo n’Ele teriam morrido em vão. Estariam condenados à terem seus
corpos apodrecendo no silêncio do sepulcro por toda a Eternidade. A
ressurreição de Lázaro teria sido em vão, pois foi ressuscitado para morrer
novamente. Enquanto, o nosso Cristo e Salvador morreu para ressuscitar e provar
ao mundo que todos os que crêem n’Ele não crêem numa mentira, mas que também
ressuscitarão assim como Ele ressuscitou. “Ora,
Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder.”
(1 Co 6:14)
f) E, por último, se Cristo não
ressuscitou, os cristãos são os mais infelizes dos homens (v.19) porque
nossa salvação se limitaria apenas à nossa breve passagem pelo palco da vida. Isto
é, a salvação seria apenas para enquanto estamos vivos. A morte significaria o
fim de tudo, o vazio existencial e uma nulidade do propósito da nossa
existência. Seríamos apenas como os animais que nascem, reproduzem e morrem.
Não há um depois, nem amanhã. Mas, louvado seja o nosso Deus, porque graças a
Cristo que venceu a morte temos a garantia que a morte não é uma parede, mas
uma porta. Temos a certeza que nossa vida se estende além túmulo, que as nossas
sepulturas não irão nos deter, e assim como a pedra foi removida do sepulcro de
Cristo, assim também as sepulturas dos salvos serão abertas e “e os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos,
seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos
ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” 1 Tessalonicenses 4:16,17.
Em
suma, a ressurreição de Jesus é a prova de que a mentira não pode sufocar a
verdade, de que o mal não pode vencer o bem, de que o amor é mais forte do que
o ódio e de que a morte não é mais forte do que a vida. Se
Jesus não tivesse saído daquela sepultura a morte teria vencido. Mas, enquanto
alguns tem corpos de santos envoltos em redomas de vidro para serem cultuados,
ou sepulturas com homenagens aos mortos, nós, cristãos, temos uma sepultura
vazia para mostrar ao mundo que embora a sepultura esteja vazia, o Trono está
ocupado.
Para
todos os fundadores das maiores religiões do mundo podemos citar o brilhante escritor
nordestino Ariano Suassuna: “Cumpriu sua
sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do
nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala
tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo,
morre.”
De fato, para todo ser vivo, a morte é a mais temida e odiada inimiga de quem
ninguém pode escapar. Mas, diante do sepulcro vazio de Jerusalém, todos os que crêem
em Jesus Cristo temos a ousadia de tomar as palavras do profeta Oséias,
parafraseadas pelo Apóstolo Paulo, para indagar à morte: “Onde está, ó morte, o
teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” 1 Co 15:55.
Tomé precisava de uma prova para crer na
ressurreição de Jesus. Por isso, Jesus apareceu para ele e disse uma das frases
mais contundentes e maravilhosas da História que repercute até os nossos
corações nos dias de hoje: “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste;
bem-aventurados os que não viram e creram.” Jo 20:29.
Em Cristo,
Pr.
Flávio Alves