quarta-feira, 22 de agosto de 2012

PONDERAÇÕES SOBRE A ANGÚSTIA


PONDERAÇÕES SOBRE O PODER DA ANGÚSTIA
Aflição e angústia se apoderam de mim; Salmos 119.143 a

A vida cotidiana nos faz mergulhar na monotonia e nas profundezas do indiferente.
Ser mais um no meio de todos. Ninguém vê ou sente a falta de outro. Nada muda com ou sem a existência de alguém. Essa é a ideia que angustia muitas mentes em diversas épocas em todos os lugares. Na angústia, o homem pode deixar-se dominar pelas mesquinharias do dia-a-dia, e assim cometer o pior ato de covardia contra si próprio, ou elevar-se ao autoconhecimento em sua mais profunda dimensão.

Para os tais, nesse momento, as coisas da vida e do mundo ficam desprovidas de suas importâncias e perdem o significado, dissolvendo-se na nulidade absoluta. Todos os socorros dos títulos e funções sociais são ineficazes em debelá-la. “o homem sente-se completamente perdido e desvalido”.  A angústia aniquila as cores do mundo ao redor, escurecem o negro vazio de tudo, assinalando que tudo é nada. Como diz Heidegger: “o homem sente-se, assim, como um ser-para-a-morte”.
O próprio Jesus Cristo homem passou por este momento. Na névoa entre as árvores do Getsêmane angustiava-se o filho do homem. São nessas mais densas trevas de angústia e aflição desordeira, companheira da morte, que pode nascer a mais forte das convicções para existência humana. O homem pode atribuir um sentido à vida e à sua própria existência. Resignificando o mundo e seu próprio ser. Projetando um futuro confortável para o desenvolvimento do que realmente importa para si. A existência humana de Cristo tinha um propósito.

Assim, depois das gélidas madrugadas da angústia mortífera se reergue aqueles que decidem tomar a rédeas do seu próprio destino. Nossa breve peregrinação no palco da vida não é de figurante, mas de um protagonista, onde o Autor da Vida também é nosso diretor e escritor da peça.

Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; Ec 7.8.

Flávio Alves

Nenhum comentário: