Diante de tantos escândalos e mercantilização do sagrado, surge em nós uma necessidade de se espelharmos em heróis. Ideias movem o mundo. Ideias incendeiam o mundo. A ideia de que existem heróis permeiam o imaginário humano desde os tempos mais antigos. O livro dos começos já falava acerca dos “homens de fama”, literalmente “heróis”. Esta noção alimenta esperanças; transforma homens em deuses. Os políticos exploram essa concepção, e se fazem heróis do povo. O ego humano é alimentado pela admiração de outrem. Basta vermos os “playboys” desfilando com seus carros potentes, ou as damas da sociedade apresentado suas bolsas de grife ou seus vestidos dispendiosos.
Doce e traiçoeira é esta ilusão. Se existem hoje em dia heróis, com toda a certeza não são verdes, mas usam vermelho e salvam vidas todos os dias arriscando as sua próprias por um salário indigno. Nem usam armaduras de ferro ou aço, mas são capazes de fazer milagres para não deixar faltar o pão para seus filhos. Não são aplaudidos, nem lembrados pela mídia. A humildade os esconde no anonimato. A fama explosiva, efêmera e superficial das massas é incompatível com o verdadeiro heroísmo.
Herói? É permanecer honesto e justo numa sociedade cada vez mais injusta e hipócrita.
Herói é passar mais de cem anos construindo uma arca sem ver uma gota de chuva.
Herói é devolver o próprio filho para quem o deu acreditando que mesmo depois da morte Deus pode devolvê-lo.
Herói é liberar perdão no lugar de se vingar pela traição dos seus próprios irmãos.
Herói é cuidar de dois milhões de libertos com mente de escravos no deserto durante quarenta anos.
Herói é enfrentar um adversário com o dobro do seu tamanho crendo na superioridade de um Deus invisível.
Herói é entregar seus corpos às chamas de uma fornalha de um tirano irado do que negar sua fé.
Herói é preferir perder a cabeça por defender a moral e a decência do que ser conivente com o pecado alheio.
Herói é deixar família, bens, poder para seguir um pregador de Nazaré do que viver uma vida normal sem propósito maior.
Herói é vencer o mundo, o pecado, o diabo e a própria morte. E, no final ainda assentar-se num trono de glória com as marcas da cruz.
Heróis existem. E o maior de todos chama-se Jesus.
O meu herói não usa chuteiras caríssimas e corre atrás de uma bola. Mas, pelas pisadas dos seus pés descalços sarou minhas feridas. Pela coragem de carregar a cruz alheia conquistou o inconquistável.
Meu herói não pula de prédio em prédio com super teias, mas voa nas asas do vento para socorrer a todo perdido.
Não se parece com aranha, mas com um leão, o Leão da Tribo de Judá.
Meu herói não usa martelo do espaço, mas a Palavra que sai da sua boca é como um martelo que esmiúça o coração mais endurecido do homem.
Este é o Herói dos heróis. Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Por Flávio Alves
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