Nem todo deserto é uma provação
A nossa existência é marcada por dor desde o
nosso nascimento. A vida não é um mar de rosas, é uma jornada por desertos,
vales e montes de emoções e situações. Neste palco não existe apenas mocinhos,
nem heróis. Ás vezes o vilão parece que é o personagem principal e que é ele
que vai ganhar no final. Ninguém quer sofrer. Mas, todos quiseram nascer.
Ninguém quer sujar as mãos com terra, mas todos querem colher a flor. Todos
quem querem levantar o troféu e ser aplaudido, mas nem todos conseguem perseverar
em lutar por isso. A vida do cristão é cheia desses desertos.
Deus não é omisso às nossas provações.
Ele conhece muito bem tudo o que passamos. Em
Apocalipse 2:9 Ele diz à igreja, "Conheço a tua tribulação, a tua
pobreza...". Nosso Deus-homem tem o poder da compaixão, capacidade para
colocar-se no lugar de outra pessoa para sentir o que ela está sentido naquele
momento. Foi o que ele fez com a viúva de Naim. É exatamente isto que está
afirmando para a igreja: “Eu conheço o teu sofrimento, eu sinto tudo o que você
está sentindo agora.” Na fajuta teologia da prosperidade isso é inadmissível. O
cristão que passa por sofrimentos é por que não tem fé suficiente. Não é isso
que vemos na Palavra de Deus.
As escrituras dizem, "Tu, ó Deus, nos
provaste; tu nos afinaste como se afina a prata" (Salmo 66:10).
"Vossa fé ... é provada pelo fogo" (1 Pedro 1:7). "O Senhor
prova o justo" (Salmos 11:5). Se não existisse provação na vida do cristão,
não teríamos o livro de Jó. Que exemplo mais notável do que este podemos ter
sobre a realidade da provação na vida do cristão?
O salmista escreve, "Muitas são as
aflições do justo" (Salmo 34:19). Paulo revela ter "Muita tribulação
e angústia do coração ... com muitas lágrimas" (2 Coríntios 2:4). E
Hebreus descreve os santos que são, "desamparados, afligidos e
maltratados", "suportando grande combate de aflições" (Hebreus
11:37, 10:32).
Todos cristãos fiéis e sinceros passam por
tribulações. Deserto é lugar de provação: “E te lembrarás de todo o caminho,
pelo qual o SENHOR teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te
humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os
seus mandamentos, ou não.” Deuteronômio 8:2 É essencial compreendermos que Deus
prova o seu povo com um propósito “para saber o que estava no teu coração”. A
prova não prova nada para Deus. Deus já sabe o que há no nosso interior: “Pois
ele conhece a nossa estrutura; ” Salmos 103:14. “... Pois ele sabe os segredos
do coração. “Salmos 44:21.
Todo deserto tem um propósito de Deus
Mas, a provação
possui alguns propósitos principais: Primeiro,
expõe o que somos fiéis a Deus independente das circunstâncias para Satanás e
seus demônios. Da mesma forma como ele fez com Jó. O escritor sagrado aos
Hebreus afirma que “... que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de
testemunhas ...”Hebreus 12:1. Nossa vida é um espetáculo ao mundo espiritual e
terreno. Não podemos se esconder de sermos vistos e observados pelas pessoas e
pelos anjos. “não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mateus
5:14. Somos testemunhas vivas de como Deus age e trabalha. Portanto, não se
preocupe, o diretor da peça vai entrar em cena e vai dar um revira-volta
gigantesco no palco da sua existência.
Em segundo lugar, a provação produz em nós
uma fé inabalável: "Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que
o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória
na revelação de Jesus Cristo" (1 Pedro 1:7). O apóstolo Paulo nos afirma que a tribulação
produz frutos no nosso caráter. “E não somente isto, mas também nos gloriamos
nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência,” Romanos 5:3. E
mais, ele a considera como passageira. “Porque
a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória
mui excelente; “2 Coríntios 4:17. Este tipo de deserto serve para nos
amadurecer em fé e graça. Trata-se de se obter experiência com Deus. Considero
este tipo de deserto como o carbureto é para a banana. Apressa o processo de
amadurecimento. Quanto mais experiência de vida se tem com Deus, mais o
conhecemos e mais crescemos espiritualmente. A crente passa pelo deserto para
crescer.
E último lugar: A provação nos ensina a
sermos mais fiéis. Deserto é lugar de Deus castigar seus filhos rebeldes e
colocá-los no eixo. Veja o que o salmista disse a respeito da aflição: “Antes
de ser afligido andava errado; mas agora tenho guardado a tua palavra.” Salmos
119:67. “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.”
Salmos 119:71. Deserto nos ensina a sermos mais crentes. A orar mais, buscar
mais. Funciona como o estreito da penha para Moisés, enquanto ele se exprime
pela fenda da rocha podia contemplar a glória do Senhor! É no deserto que nós
veremos a glória do Senhor em nossas vidas! A sua bondade, providência e amor
são revelados com mais evidência nos momentos de maiores tribulações.
Que possamos aprender a passarmos pelo
deserto conscientes de que pode se tratar de um treinamento de Deus para nossas
vidas. Chova canivetes, desabem tudo, levantem-se tsunamis, mas por este
deserto, apenas passaremos. É chuva
passageira. É a dor de um parto de uma grande vitória. É a lágrima que será
enxugada pelo ser mais importante do Universo. É mais uma causa para Ele seja
glorificado na minha vida!
"E lhes enxugará dos olhos toda lágrima,
e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as
primeiras cousas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que
faço novas todas as cousas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são
fiéis e verdadeiras... O vencedor herdará estas cousas, e eu lhe serei Deus e
ele me será filho" (Ap 21.4-5,7).
Pr. Flávio Alves
2 comentários:
Verdade querido Flavio. Deserto nunca é fácil, só sabe dizer que já passou. Eu particularmente já passei vários, mas como é gratificante a presença do Pai em pleno deserto. E como é gloriosa a recompensa ao final!
Fica na paz meu querido e continua nesta força!
É verdade irmão João Augusto,
Melhor é fim das coisas do que o princípio delas.
Grato pelo comentário.
Pr. Flávio Alves
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